De acordo com a agência Associated Press (AP), a detenção foi anunciada pelo ministro do governo, Carlos Eduardo del Castillo, numa publicação nas redes sociais: "Informamos o povo boliviano que a polícia cumpriu uma ordem de detenção conta o senhor Luis Fernando Camacho".
O governo da Bolívia não revelou que acusações enfrenta o governador da região que é o 'motor económico' do país e a mais populosa.
Pouco depois da detenção, o governo da região de Santa Cruz afirmou, num comunicado citado pela AP, que Luis Fernando Camacho foi "raptado numa operação policial ilegitima, e foi levado para local desconhecido".
O governador de Santa Cruz foi detido perto de casa.
Informamos al pueblo boliviano, que la Policía Boliviana dio cumplimiento a la orden de aprehensión en contra del señor Luis Fernando Camacho.
— Carlos Eduardo Del Castillo Del Carpio (@EDelCastilloDC) December 28, 2022
Información en desarrollo.
Um vídeo da detenção, partilhado nas redes sociais, mostra Luis Fernando Camacho algemado à beira da estrada, ao lado de polícias que empunhavam armas de fogo.
O advogado do governador disse ao jornal local El Deber que o seu cliente foi levado para La Paz para prestar declarações em processos abertos contra si.
🇧🇴 | BOLIVIA [AHORA]: El Gobernador de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, ha sido secuestrado por policías leales a Evo Morales y Luis Arce. Se sigue consolidando la dictadura en el país andino. pic.twitter.com/O5vty5J3w7
— Yannis Estrada (@YannisEst) December 28, 2022
O governo iniciou várias ações judiciais contra Camacho, incluindo uma por ter convocado uma greve contra a administração nacional do presidente Luis Arce, em novembro, que durou 36 dias. Camacho enfrenta acusações de sedição, traição e corrupção, entre outras.
Luis Fernando Camacho é o líder da aliança de oposição Creemos (Acreditamos, em português).
O papel de Camacho como líder da oposição cimentou-se em novembro, quando liderou a greve convocada para exigir ao governo, de esquerda, do presidente Arce, que antecipe um ano o censo populacional previsto para 2024.
Em julho, o governo da Bolívia adiou a realização do censo, para entre maio e junho de 2024, sob argumentos da "qualidade" dos dados e a necessidade de "despolitizar" o processo.
Santa Cruz acredita estar a ser prejudicada por um censo populacional (usado para recalcular a repartição de lugares no Congresso e de recursos públicos) desatualizado, com mais de 10 anos.
Luis Fernando Camacho liderou também os protestos de 2019 que forçaram o então presidente Evo Morales a deixar o poder, após eleições que a Organização dos Estados Americanos disse terem sido marcadas por fraude. Morales tentava a quarta reeleição consecutiva.
A notícia da detenção fez com que existisse alguma agitação nas ruas, com apoiantes do líder da oposição a dirigirem-se para o aeroporto El Trompillo, na Bolívia, por forma a impedir que este seja transportado para outro local, de acordo com a Reuters.
Veja as imagens das primeiras 'agitações'.
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