"Em 15 de dezembro, o último pessoal militar francês sob comando nacional presente na RCA como parte da missão logística deixou o país a bordo de um avião militar com destino a Paris", referiu o Ministério da Defesa francês num comunicado.
Depois de anunciar a retirada das suas forças do Mali, devido a tensões com a junta militar naquele país, a França acusou Bangui de se aliar ao grupo Wagner, propriedade de um empresário russo ligado ao Presidente Vladimir Putin.
Na declaração, lê-se que a "missão, que mobilizou quase 130 soldados franceses, já não tem qualquer justificação operacional". "O acampamento M'Poko foi entregue às autoridades centro-africanas em 13 de dezembro em boas condições".
"Esta manobra logística e administrativa teve lugar de forma transparente e em constante contacto com as autoridades da África Central", salientou, confirmando ao mesmo tempo que foi "estreitamente coordenada" com a Missão Multidimensional de Estabilização Integrada na RCA (Minusca) das Nações Unidas e com a Missão de Formação da União Europeia na RCA (EUTM-RCA), que também utilizam estas instalações.
O Ministério da Defesa francês salientou que "até pouco antes da sua partida, os militares franceses continuaram a levar a cabo a sua missão logística, bem como as suas ações de apoio à população da África Central, principalmente em prol da juventude".
O exército francês deixou, então, o país africano após 62 anos de presença contínua através da sua missão logística, instalada no aeroporto da capital, Bangui.
A França suspendeu o seu acordo de cooperação militar com a RCA em abril de 2021 e a União Europeia (UE) congelou em dezembro de 2021 as suas missões de formação apoiadas pela missão logística, que também apoia os soldados destacados na Minusca e a Missão de Formação da UE.
O país africano ficou mergulhado numa grave crise após a retirada da candidatura presidencial de 2020 do antigo presidente François Bozizé, que regressou ao país em finais de 2019 para se candidatar novamente à presidência, cargo que abandonou em 2014 face à revolta dos rebeldes séléka, predominantemente muçulmanos.
A eliminação da candidatura de Bozizé levou à criação da aliança armada Coligação de Patriotas pela Mudança (CPC) - atualmente liderada pelo antigo presidente - que desencadeou um conflito armado no qual o exército da RCA foi também apoiado por mercenários russos do Grupo Wagner.
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