Burkina Faso nega que Presidente tenha falado em tentativa de golpe
O porta-voz do Governo do Burkina Faso, Jean Emmanuel Ouédraogo, desmentiu hoje que o Presidente Ibrahim Traoré tenha referido uma tentativa de golpe de Estado ao confirmar uma tentativa de "desestabilização" contra o regime no passado fim de semana.
© Lassana Bary/Twitter
Mundo Burkina Faso
"O Presidente da transição, capitão Ibrahim Traoré, nunca mencionou o termo tentativa de golpe", disse Ouédraogo, citado hoje pelo portal de notícias Burkina24.
"O Presidente falou de tentativas de desestabilização. Os termos têm o seu significado. Há 'tentativas de desestabilização' e há 'tentativa de golpe'. Não é a mesma coisa", frisou.
O capitão Traoré confirmou na quinta-feira passada que houve "tentativas de desestabilizar" o regime no passado fim de semana.
O Presidente da transição disse conhecer os autores da "manobra", mas preferiu não os deter porque quer promover o diálogo e garantiu que a situação está controlada.
O atual "homem forte" do Burkina Faso fez aquela declaração durante um encontro na capital, Ouagadougou, com organizações da sociedade civil e líderes tradicionais e religiosos, em que participaram mais de mil pessoas.
Rumores sobre uma tentativa de desestabilizar as redes sociais circularam no último fim de semana, embora o regime não se tenha pronunciado publicamente sobre o assunto.
Traoré, 34 anos, foi empossado em outubro passado como Presidente de transição na sede do Conselho Constitucional em Ouagadougou.
O capitão ascendeu ao cargo depois de ter sido nomeado Presidente transitório, chefe de Estado e chefe supremo das Forças Armadas numa conferência nacional.
O líder militar, o mais jovem chefe de Estado do mundo, foi nomeado Presidente transitório por cerca de 300 delegados (representantes políticos, militares, religiosos e da sociedade civil) das 13 regiões do Burkina Faso, que se reuniram para acordar um roteiro que permita um regresso à ordem constitucional.
Se cumprir o que afirmou previamente, Traoré deve liderar a transição política por um período de 21 meses.
O capitão reuniu-se em outubro em Ouagadougou com uma delegação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e garantiu que vai respeitar o calendário que aquela organização acordou com o seu antecessor, o tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba.
Esse calendário prevê o retorno da ordem constitucional, o mais tardar, em 01 de julho de 2024.
O Burkina Faso foi palco do segundo golpe este ano, em 30 de setembro, após o de 24 de janeiro, liderado por Damiba.
Traoré tomou posse como chefe de Estado em 05 de outubro, quando suspendeu a suspensão da Constituição feita durante o golpe.
A tomada do poder pelos militares ocorreu em ambas as ocasiões na sequência do descontentamento entre a população e o Exército face aos frequentes ataques de movimentos fundamentalistas islâmicos que o país sofre desde abril de 2015, perpetrados por movimentos ligados tanto à Al-Qaeda como ao grupo extremista Estado Islâmico e que provocou a fuga de quase dois milhões de pessoas das suas zonas de residência.
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