Segundo a organização, a prisão de Badr, a 70 quilómetros a leste do Cairo, para onde muitos presos foram transferidos este ano, já registou pelo menos uma morte, a de El-Sayed al-Sayfi, um recluso de 61 anos que morreu no dia 05 de outubro em "condições cruéis e desumanas".
"Os reclusos estão a sofrer as mesmas violações de direitos humanos que [sofriam] nas prisões mais antigas", acusou a secretária-geral da Amnistia Internacional, Agnès Callamard.
Segundo depoimentos de familiares e advogados, faltam alimentos, roupas, livros e medicamentos aos detidos, que são muitas vezes privados de visitas familiares.
As prisões de Badr e de Wadi al-Natrun -- onde se encontra o recluso político mais famoso do Egito, o egípcio-britânico Alaa Abdel Fattah, que está em greve de fome há mais de 200 dias - fazem parte da "estratégia nacional de direitos humanos" anunciada com grande alarido no outono de 2021 pelo Presidente, Abdel Fattah al-Sissi.
Al-Sissi, que depôs o islamista Mohamed Morsi em 2013, é regularmente acusado pelos defensores dos direitos humanos preocupados com o destino de mais de 60 mil prisioneiros de consciência no país mais populoso do mundo árabe.
Para a Amnistia Internacional, os anúncios de que o Egito vai passar a ter e cumprir uma estratégia de defesa dos direitos humanos visam apenas "maquilhar o cenário catastrófico" que o país apresenta em relação a direitos humanos.
A partir de 06 de novembro, o Egito vai receber delegações de todo o mundo para a conferência climática da ONU.
"À medida que a COP27 se aproxima, a máquina de comunicação do Egito acelera para esconder a terrível realidade das suas prisões, onde os prisioneiros de consciência definham em condições que violam a proibição de tortura e maus-tratos", acusou Callamard.
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