"Esperamos que a procuradoria reaja e investigue as sérias provas que apresentámos", indicou Branislav Borenovic, presidente do Partido do Progresso Democrático (PDP), a maior força da oposição na entidade dos sérvios bósnios.
"Trata-se de criminalidade organizada e de um roubo sem precedentes", considerou por sua vez Mirko Sarovic, chefe do Partido Democrático Sérvio (SDS).
As duas formações apresentaram na procuradoria-geral do país balcânico uma queixa judicial contra Dodik e cerca de 100 membros da sua Aliança de Sociais-democratas Independentes (SNSD) por "roubo organizado e massivo" nas recentes eleições.
A destruição de boletins de voto, a presença ilegal de membros do SNSD nas assembleias de voto ou a falsificação de dados são algumas das irregularidades que terão sido efetuadas.
A Comissão Eleitoral Central (CIK) da Bósnia-Herzegovina, com sede em Sarajevo, iniciou há alguns dias a recontagem dos votos nos locais onde se terão registado as principais irregularidades, em particular no escrutínio para a presidência da Republika Srpska (RS), a entidade sérvia bósnia.
Dodik, um político que tem sugerido um progressivo processo de secessão da entidade que dirige há 15 anos e muito próximo das posições de Moscovo, em particular no atual conflito com a Ucrânia, voltou a assegurar que as eleições foram "dignas e limpas" e considerou "ilegal" a repetição do escrutínio.
O PDP, que também se afirma como um partido nacionalista mas mais distanciado da Rússia, assegura que a sua candidata, Jelena Trivic, obteve mais votos e venceu as eleições para a presidência da RS.
No passado dia 02 de outubro a Bósnia-Herzegovina elegeu os três membros da presidência colegial e os deputados do parlamento central.
Os cerca de 3,4 milhões de eleitores inscritos também elegeram os parlamentos das duas entidades -- a Republika Srpska e a Federação comum de bosníacos [muçulmanos] e croatas --, o presidente sérvio bósnio e as assembleias dos dez cantões da Federação.
Este complexo processo eleitoral foi herdado dos acordos de paz de Dayton, assinados em finais de 1995 pondo termo a três anos e meio de violenta guerra civil e que promoveram a emergência das duas entidades, com o reconhecimento dos seus "três povos constituintes".
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