Em comunicado, o Departamento de Estado norte-americano instou o novo governo iraquiano a estar ciente de que "as pessoas que representam votaram num executivo que responda às suas necessidades".

"Os Estados Unidos pedem a todas as partes que se abstenham de violência e resolvam as diferenças de forma amigável e pacífica por meio do processo político", referiu o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price.

Além disso, o governo liderado por Joe Biden reiterou o seu compromisso em colaborar com o Governo e a sociedade iraquiana, para avançar nas "muitas" prioridades partilhadas.

O Parlamento iraquiano elegeu esta quinta-feira o curdo Abdel Latif Rashid, antigo ministro dos Recursos Hídricos, como novo Presidente do Iraque, que sucede a Barham Ahmed Saleh.

Segundo a televisão oficial iraquiana, a escolha de Rashid, 78 anos, ocorreu na quarta sessão plenária da legislatura iraquiana, após as três anteriores terem terminado num impasse, ou por falta de quórum ou por outros impedimentos causados por profundas divergências entre os principais grupos políticos.

A eleição de Rashid só foi possível numa segunda volta, obtendo mais de 160 votos, derrotando Barham Saleh, que recolheu 99 votos.

Rachid, um engenheiro hidráulico sensível às questões ambientais, conhece bem os bastidores labirínticos do poder em Bagdade, ficando, assim, encarregado de navegar em águas turbulentas à frente de um país polarizado.

Segundo o sistema sectário estabelecido no Iraque após a queda do ditador Saddam Hussein, em 2003, o presidente do Parlamento deve ser um muçulmano sunita, o primeiro-ministro um xiita e o chefe de Estado um curdo.

O novo Presidente iraquiano designou também esta quinta-feira o político pró-iraniano Mohamed Shia al Sudani para formar Governo, um ano após a realização das eleições legislativas no Iraque.

Al Sudani, que integra o Quadro de Coordenação, uma coligação de influentes fações xiitas pró-Irão, apresentou-se previamente como candidato a primeiro-ministro.

A sua decisão de apresentar uma candidatura prévia esteve na origem de uma forte tensão interna que esteve perto de degenerar numa guerra civil, após os apoiantes do influente clérigo xiita Moqtada al Sadr terem ocupado em 30 de julho o parlamento, e durante duas semanas, para impedir a sua investidura.

O primeiro-ministro cessante, Mustafa al Kazemi, felicitou em mensagem na rede social Twitter a designação de Al Sudani e apelou a "todas as forças políticas a cooperar e a integrarem-se, desejando êxito na missão de formar Governo para garantir as aspirações do nosso honorável povo".

A tensão entre Al Sadr, que em finais de agosto anunciou a sua retirada da política, e o Quadro de Coordenação de Al Sudani intensificou-se após a ocupação do parlamento pelos seguidores do clérigo e uma intensa troca de acusações sobre as responsabilidades relacionadas com o persistente bloqueio político no país árabe.

Este último impasse impediu a designação de um Presidente da República durante três sessões parlamentares, a formação de um Governo ou a aprovação do orçamento, enquanto o executivo em funções era forçado a adotar medidas urgentes para suster o impacto da severa crise económica e social que atinge o Iraque.

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