Rússia com controlo administrativo de central de Zaporíjia. AIEA em Kyiv
A Rússia apropriou-se, esta quarta-feira, formalmente da central nuclear de Zaporíjia, no sul da Ucrânia, ocupada militarmente há meses, o que levou o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) a viajar de urgência para Kyiv.
© Reprodução/ Twitter
Mundo Ucrânia/Rússia
A Rússia "irá gerir as instalações nucleares da central (...) como propriedade federal", refere o decreto, assinado, esta quarta-feira, pelo Presidente russo, Vladimir Putin.
O diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, anunciou a sua partida imediata para Kyiv para "discutir o estabelecimento de uma zona de proteção" à volta da central nuclear ucraniana em Zaporíjia, a maior da Europa.
"A caminho de Kyiv para reuniões importantes. A necessidade de uma zona de proteção ao redor da central [nuclear] é mais urgente do que nunca", referiu Rafael Grossi, numa mensagem divulgada através da rede social Twitter.
On our way to Kyiv for important meetings. The need for a Nuclear Safety and Security Protection Zone (NSSPZ) around #Zaporizhzhya Nuclear Power Plant is now more urgent than ever. pic.twitter.com/XFetpJ65ai
— Rafael MarianoGrossi (@rafaelmgrossi) October 5, 2022
A viagem, que estava marcada para esta semana mas que passou a ter caráter urgente, tem como objetivo "continuar as consultas" para estabelecer um dispositivo de proteção da central "o mais rapidamente possível", indicou a AIEA.
A central de Zaporíjia, localizado na região com o mesmo nome, um dos territórios ucranianos anexados pela Rússia na sexta-feira, perto da linha de demarcação entre os territórios controlados por Kyiv e os ocupados por Moscovo, está nas mãos de tropas russas desde o início de março.
Moscovo e Kyiv acusam-se mutuamente de bombardeamentos ao local há vários meses, levantando o espetro de um grande desastre nuclear, semelhante ao de Chernobyl, em 1986.
O seu diretor, Igor Murachov, foi detido pela Rússia na sexta-feira, tendo a AIEA afirmado que não irá retomar as suas funções na central, embora a agência internacional não saiba ainda quem o substituirá.
Embora Kyiv defenda uma zona desmilitarizada à volta da central, Rafael Grossi pediu, em setembro, para "se manter as coisas simples", considerando que "a Ucrânia e a Rússia devem concordar com o princípio muito simples de não atacar ou bombardear a central" e devem comprometer-se "a que nenhuma ação militar tenha como alvo a central ou os seus arredores".
O Presidente russo ratificou hoje as leis que reivindicam a anexação de quatro regiões da Ucrânia - Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporíjia -- depois de um referendo realizado na semana passada, que a maior parte da comunidade internacional não reconheceu.
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