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Ucrânia: António Vitorino defende mais ajuda humanitária para o inverno

O diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), António Vitorino, afirmou hoje à Lusa que a sua deslocação a Kyiv visa conhecer diretamente a população ucraniana deslocada pela guerra e preparar operações para o inverno.

Ucrânia: António Vitorino defende mais ajuda humanitária para o inverno
Notícias ao Minuto

12:21 - 13/09/22 por Lusa

Mundo Ucrânia

"Esta visita à Ucrânia tem dois objetivos fundamentais. Primeiro, visitar as operações da OIM no terreno" e "contactar com as populações que servimos", afirmou, em declarações pelo telefone à agência Lusa.

"Em segundo lugar, ter contactos com as autoridades, com o Presidente [Volodymyr] Zelensky, a vice-primeira-ministra [Irina] Vereshchuk, que está encarregue dos deslocados internamente, e o ministro da Saúde" a fim de "preparar as populações para o inverno que aí vem e que será particularmente duro e rigoroso, e lançar as bases para reconstrução do país, para dar esperança e confiança às populações", adiantou o responsável da organização.

A resposta às condições do inverno é, segundo António Vitorino, uma "prioridade a curto prazo muito importante", já que entre os sete milhões de ucranianos deslocados internamente, ou seja, que deixaram as suas casas e regiões e fugiram para outras zonas da Ucrânia, estão muitos em condições de extrema vulnerabilidade e que perderam tudo o que tinham.

"Uma larga quantidade [desses deslocados] são mulheres, são crianças, são pessoas idosas, são pessoas com deficiências, que precisam de apoio clínico, médico, social e até, às vezes, psicológico", lembrou o diretor-geral da OIM.

Além disso, "estamos a lidar com populações que praticamente perderam tudo", sublinhou.

"Nos contactos que tive, falei com pessoas da minha idade, 60 anos, que perderam a casa e perderam tudo, até as roupas que têm são únicas e não conseguem enfrentar o inverno com essas roupas", descreveu, acrescentando que a OIM definiu, em conjunto com as autoridades - "não só com o Presidente e com o Governo, mas também com as autoridades locais e as organizações não-governamentais ucranianas no terreno" - as prioridades para a preparação do inverno.

Essas prioridades "podem ser resumidas muito simplesmente: abrigos. É preciso reparar casas, é preciso reparar instalações coletivas de abrigo das pessoas, é preciso dar-lhes alimentação e aquecimento", disse.

O reforço das operações de ajuda para enfrentar o inverno vai implicar um aumento do investimento, como admitiu António Vitorino, adiantando estar a coordenar, juntamente com outras duas agências das Nações Unidas - o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados e o Programa Alimentar Mundial -, um plano de apelo ao financiamento.

O valor e o pedido de ajuda serão divulgados até ao final do ano, referiu.

As três agências adotaram "um programa muito ambicioso de distribuição de apoios financeiros às pessoas deslocadas", estando a OIM "constantemente a avaliar e a fazer inquéritos sobre as necessidades das populações deslocadas", explicou.

A conclusão, assinalou Vitorino, é que "78% dos pedidos que são feitos são de dinheiro", o que se explica com o facto de "esse dinheiro poder ser utilizado para várias coisas: para reparações nas casas, para comprar roupa, para comprar comida, para comprar combustíveis de aquecimento".

Com a aproximação dos meses de frio e neve na Ucrânia, "esse programa de apoio financeiro vai estar, naturalmente, sob grande pressão" e "necessita do apoio da comunidade internacional para garantir a resiliência das populações", concluiu.

António Vitorino viajou na segunda-feira para Kyiv, onde já se encontrou com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para discutir o reforço do apoio humanitário da organização das Nações Unidas.

O diretor-geral da organização pretende ficar mais dois dias daquele país, onde irá visitar um centro de apoio e reabilitação de vítimas de tráfico de seres humanos e o departamento de saúde da OIM no terreno.

Além disso, Vitorino deverá deslocar-se à cidade de Lviv, onde está instalado "um dos principais armazéns [da OIM], a partir do qual é feita a distribuição de meios como tendas, bens de higiene e produtos de primeira necessidade para todo o território ucraniano".

A invasão da Ucrânia pela Rússia -- numa ofensiva lançada em 24 de fevereiro -- já causou, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, a fuga de quase 15 milhões de pessoas (um terço da população nacional).

Embora alguns já tenham regressado ao país, a ONU contabiliza 6,8 milhões de refugiados e mais de sete milhões de deslocados internos na Ucrânia.

Segundo as Nações Unidas, esta é já a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945).

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