"O comunicado não é construtivo e é contrário à boa-fé", disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, numa declaração.
"É lamentável que, numa situação em que as interações diplomáticas continuam, a E3 (França, Alemanha e Reino Unido) emita um comunicado que se afasta de uma aproximação útil", prosseguiu o comunicado.
A diplomacia iraniana considerou ainda que os países europeus "seguem os passos do regime israelita" para fazer descarrilar as conversações para salvar o pacto nuclear de 2015.
"O Irão ainda tem vontade de concluir um acordo e acredita que se a outra parte mostrar a vontade necessária e evitar pressões externas, é possível chegar rapidamente a um acordo", disse Teerão.
O Irão está a negociar há 16 meses com a Alemanha, França, Reino Unido, Rússia, China e, indiretamente, os EUA, para restabelecer o acordo nuclear de 2015, que limitou o programa nuclear do Irão em troca do levantamento das sanções e foi abandonado em 2018 pelo então Presidente norte-americano, Donald Trump.
A França, a Alemanha e o Reino Unido avisaram hoje o Irão que atingiram "o limite" da sua "flexibilidade", uma vez que Teerão "continua a desenvolver o seu programa nuclear para além de qualquer justificação civil".
A declaração conjunta dos porta-vozes dos Ministérios dos Negócios Estrangeiros dos três países europeus registou a "falta de cooperação" do Irão com a Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) ao prosseguir a sua "escalada nuclear".
A AIEA pormenorizou esta semana, num relatório confidencial ao qual a agência de notícias Efe teve acesso, que o Irão aumentou em três meses, para 55,6 quilos, o seu stock de urânio enriquecido a 60%, uma pureza próxima do nível necessário para fazer bombas atómicas.
O acordo nuclear estipula que o Irão não deve ter mais de 300 quilos de urânio enriquecido em forma gasosa, o equivalente a cerca de 200 quilos em forma sólida.
A União Europeia (UE) apresentou uma proposta final em agosto para salvar o acordo, à qual o Irão e os EUA apresentaram comentários.
As negociações estão na reta final, mas as partes parecem estar num impasse para alcançarem uma resolução.
Um dos principais obstáculos é que Teerão está a condicionar a reativação do acordo nuclear ao encerramento pela AIEA de uma investigação sobre vestígios de urânio encontrados em três locais iranianos não declarados que poderiam indicar atividades encobertas.
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