Giorgia Meloni, líder do partido italiano de extrema-direita Fratelli d’Italia (FDI, Irmãos de Itália), foi acusada, esta segunda-feira, de levar a cabo uma “campanha eleitoral vergonhosa” após partilhar um vídeo de uma mulher ucraniana a ser violada por um imigrante numa cidade italiana.
Segundo a imprensa italiana, que cita as autoridades locais, a mulher de 55 anos foi abusada sexualmente numa rua da cidade de Piacenza, na manhã de domingo, por um requerente de asilo oriundo da Guiné.
O momento do crime foi filmado por alguém a partir de um apartamento e o agressor acabou preso.
Meloni partilhou o vídeo, que fora publicado por um jornal na rede social Twitter. Apesar de as imagens estarem desfocadas, é possível ouvir os gritos da vítima.
“Não se pode permanecer em silêncio perante este episódio atroz de violência sexual contra uma mulher ucraniana cometida durante o dia em Piacenza por um requerente de asilo. Um abraço a esta mulher. Farei tudo o que estiver ao meu alcance para restaurar a segurança nas nossas cidades”, escreveu a líder da extrema-direita.
Uma das primeiras pessoas a criticar a partilha do vídeo, segundo o jornal italiano Corriere della Sera, foi o antigo primeiro-ministro Enrico Letta. O político considerou que a partilha foi “indecente” e que o “respeito pelas pessoas deve estar em primeiro lugar”.
Indecente usare immagini di uno #stupro. Indecente ancora di più farlo a fini elettori. Il #rispetto delle persone e delle vittime viene prima di ogni cosa.
— Enrico Letta (@EnricoLetta) August 22, 2022
A resposta a Letta não tardou, com Meloni a afirmar que “não admite” que o atual líder do Partido Democrata italiano “espalhe mentiras” em seu nome. “Não permito que Enrico Letta espalhe mentiras em meu nome e faça propaganda sombria sobre a gravíssima violação de Piacenza. O vídeo publicado nas minhas redes sociais está desfocado para não reconhecer a vítima (...). Esses métodos difamatórios e distorcidos da realidade são agora característicos de uma esquerda em desordem, todos sabemos disso há algum tempo, mas há um limite para tudo. Principalmente quando se trata de violação e violência contra a mulher”, afirmou num vídeo partilhado no Twitter.
Continuano le deliranti mistificazioni della sinistra contro di me.
— Giorgia Meloni 🇮🇹 ن (@GiorgiaMeloni) August 22, 2022
Ascoltate cosa si sono inventati questa volta… pic.twitter.com/gplgsXXD8Y
Também a deputada Lucia Azzolina, ex-ministra da Educação, criticou Meloni. “Usar o vídeo de uma violação não é uma denúncia, mas uma exploração. Contra qualquer forma de violência há, antes de tudo, respeito, até mesmo do sofrimento. Ver uma mulher, candidata à liderança de um país, usando esses meios, é arrepiante”, frisou.
Usare il video di uno #stupro non è denuncia, ma strumentalizzazione. Contro ogni forma di violenza c’è prima di tutto il rispetto, pure della sofferenza. Vedere una donna, candidata alla guida di un Paese, utilizzare questi mezzi, è agghiacciante. #Meloni #Piacenza
— Lucia Azzolina (@AzzolinaLucia) August 22, 2022
Sublinhe-se que o partido de Meloni lidera as sondagens referentes às próximas eleições legislativas de Itália, que decorrerão a 25 de setembro.
O vídeo foi, entretanto, eliminado do Twitter por "violar as normas" da rede social.
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