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Direitos das mulheres. ONU encoraja talibãs a seguir países muçulmanos

A ONU encorajou hoje o regime talibã a inspirar-se nos países muçulmanos que promovem os direitos das mulheres e das raparigas, reiterando que o Governo exerce uma "opressão sistémica" sobre as cidadãs do Afeganistão.

Direitos das mulheres. ONU encoraja talibãs a seguir países muçulmanos
Notícias ao Minuto

14:14 - 01/07/22 por Lusa

Mundo Afeganistão

"Desde a tomada do poder pelos talibãs, as mulheres e raparigas sentem o maior e mais rápido retrocesso dos seus direitos (...) em décadas", sublinhou a alta-comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, durante um debate de urgência do Conselho de Direitos Humanos, convocado por países da União Europeia e que decorreu em Genebra, Suíça.

"O seu futuro [das mulheres e raparigas afegãs] será cada vez mais sombrio se nada mudar, rapidamente", alertou.

Bachelet, que visitou o Afeganistão em março, "encorajou vivamente" os talibãs a "dialogarem com países predominantemente muçulmanos com experiência na promoção dos direitos das mulheres e raparigas -- como são garantidos pelo direito internacional", sem dar qualquer exemplo particular.

Após o regresso ao poder no Afeganistão dos talibãs, em agosto de 2021, depois de 20 anos de guerrilha contra o Governo eleito e forças estrangeiras, os fundamentalistas prometeram ser mais flexíveis, sobretudo em relação às mulheres, mas rapidamente renegaram as suas promessas.

Dezenas de milhares de alunas foram expulsas das escolas secundárias afegãs e muitas mulheres em cargos públicos foram proibidas de voltar ao trabalho.

As mulheres também foram proibidas de viajar sozinhas e só podem ir a parques e jardins públicos de Cabul em determinados dias, sendo os outros reservados aos homens.

No início de maio, o líder supremo dos talibãs, Hibatullah Akhundzada, emitiu um decreto para que as mulheres se mantenham em casa como regra geral e passem a cobrir-se totalmente em público, incluindo o rosto, de preferência com uma burca, um véu integral com uma rede à altura dos olhos.

Michelle Bachelet, que considera uma 'linha vermelha' o tratamento dado pelos talibãs às mulheres, pediu-lhes ainda que estabeleçam uma data clara para a abertura das escolas secundárias às raparigas e que anulem as restrições à liberdade de movimento e a obrigação de cobrir o rosto.

No entanto, Akhundzada avisou hoje o mundo para parar de se intrometer nos assuntos afegãos e defendeu que a aplicação da lei islâmica é a chave do sucesso do país.

"Dizem-nos: 'Porque não fazes isto, porque não fazes aquilo?' Porque é que o mundo se imiscui nos nossos assuntos? Não aceitaremos diretivas de ninguém no mundo. Só nos curvaremos a Alá Todo-Poderoso", disse o líder supremo dos talibãs, citado pela agência francesa AFP.

Akhundzada disse que o sucesso do regime dependerá da sua capacidade de romper com a "corrupção, egoísmo, tirania, nacionalismo e nepotismo" que, segundo referiu, caracterizou os governos das duas últimas décadas, após o anterior domínio dos talibãs (1996-2001).

Para o conseguir, "chegou o momento de aplicar a 'sharia'", defendeu, referindo-se à lei islâmica que os fundamentalistas consideram que determina os atos humanos permitidos e proibidos.

"Se houver a 'sharia', teremos segurança, liberdade, um sistema islâmico e tudo o que precisamos", afirmou, num encontro de três dias de mais de 3.000 clérigos e chefes tribais convocado pelo regime para consolidar o seu poder.

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