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Antigo negociador diz que Ucrânia ajudou a suavizar oposição ao Brexit

O antigo negociador britânico do Brexit, David Frost, acredita que o apoio do Reino Unido à Ucrânia contra a invasão russa reduziu a intervenção de Washington nas divergências com a União Europeia (UE) sobre a Irlanda do Norte.

Antigo negociador diz que Ucrânia ajudou a suavizar oposição ao Brexit
Notícias ao Minuto

15:05 - 23/06/22 por Lusa

Mundo Brexit

"O mundo parece alegremente desinteressado com o 'Brexit' (...). Nos Estados Unidos da América (EUA), a clivagem partidária sobre o 'Brexit' [como ficou conhecida a saída britânica da UE] está, penso eu, a diminuir gradualmente. Apesar do barulho sobre a Irlanda do Norte, ouvimos menos protestos das elites do Partido Democrata e especialistas desde o início da guerra na Ucrânia", afirmou hoje David Frost, na abertura da conferência "The World Beyond Brexit" ("O Mundo para Além do 'Brexit'"), organizada pelo centro de estudos UK in a Changing Europe.

O antigo negociador britânico acredita que a política externa britânica relativa ao conflito, em que o Reino Unido se destacou como um dos primeiros países a oferecer treino e equipamento militar a Kiev, teve impacto.

"Fez com que se apercebessem do nosso valor como aliados e da nossa capacidade de influenciar os acontecimentos de forma independente", frisou.

Na sua intervenção, o antigo secretário de Estado dos Assuntos Europeus do Governo de Boris Johnson urgiu a UE a aceitar alterações ao Protocolo da Irlanda do Norte e criticou a "reação precipitada" de iniciar procedimentos de infração. 

A medida foi uma resposta ao anúncio de legislação para desativar partes do Protocolo, desenhado entre o Reino Unido e UE como parte do 'Brexit' para manter aberta a fronteira terrestre na Irlanda, um pilar dos acordos de paz de 1998.

"A questão que a Comissão [Europeia] tem de colocar é se (...) é de facto do seu interesse estratégico. Será que querem o Reino Unido como um vizinho amigável e colaborativo ou um descontente que procure [alianças] noutro lugar?", questionou.

Na opinião de Frost, "a UE pode sentir-se mais forte se o 'Brexit' falhar, no sentido em que uma nova saída parecerá menos atraente. (...) Na realidade, porém, a UE será mais fraca porque se terá mostrado ao mundo como uma entidade que não tem auto-confiança na sua capacidade de se reformar e encontrar relações de colaboração com os vizinhos".

"Nesse sentido", continuou o antigo secretário de Estado, "o Ocidente em geral será mais fraco, e não mais forte, se a UE insistir em enveredar por este caminho".

O atual membro da Câmara dos Lordes, a câmara alta do parlamento britânico, considera importante encontrar-se uma solução negociada e sugere uma forma de trabalho mais amistosa entre Londres e Bruxelas.

Frost defendeu uma "nova 'entente cordiale'" em que a UE aceite alterar o Protocolo da Irlanda do Norte, o Reino Unido colabore mais em matéria de política externa e ambos aliviem as regras em matéria de fronteiras e vistos.

O acordo concluído em 2019 introduz controlos e documentação adicional sobre mercadorias que circulam entre o Reino Unido e a província da Irlanda do Norte, exigências que foram criticadas pelos partidos unionistas pró-britânicos. 

O protocolo mantém na prática a Irlanda do Norte dentro do mercado único de mercadorias da UE, ficando o território sujeito a normas e leis europeias.

O Partido Democrata Unionista (DUP), que é pró-'Brexit', bloqueou em protesto a formação de um novo governo regional após as eleições de maio até que o Protocolo seja alterado. 

Leia Também: Brexit. Ex-negociador britânico questiona estudos sobre impacto negativo

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