A 16.ª edição do "Índice Global de Paz" só registou dados até 31 de março e identifica o Afeganistão, Iémen e Síria como os países menos pacíficos no mundo, mas Rússia e Ucrânia foram dos que registaram maior deterioração desde o relatório do ano passado.
A Ucrânia desceu 17 lugares, para 153.º numa lista de 163 países, e a Rússia caiu cinco, para 160.º, tornando-se o quarto país menos pacífico do mundo, segundo a análise do Instituto de Economia e Paz (IEP).
A invasão russa da Ucrânia já levou a um grande aumento de mortes, deterioração do ambiente político e um número significativo de refugiados e deslocados internos, mas muito do que aconteceu desde 24 de fevereiro só se refletirá na edição do índice do próximo ano, afirmou à Agência Lusa o fundador e diretor do IEP, Steve Killelea.
"A Europa ainda é a região mais pacífica do mundo, houve mais países que melhoraram do que deterioraram nos últimos 12 meses. Mas entre os que pioraram estão a Estónia, Roménia, Suécia, Lituânia e Sérvia, devido às relações com os países vizinhos. Estão muito próximos da Rússia. Isto faz parte das consequências da guerra", adiantou o analista geopolítico.
Por exemplo, a guerra na Ucrânia em 2022 levou muitos países a aumentar as projeções de gastos com a defesa, em particular os membros da NATO devido à ameaça russa.
Killelea aponta também para os efeitos económicos da guerra não só na Ucrânia e Rússia, mas em outras partes do mundo devido às "interconexões do comércio" e às cadeias de abastecimento internacionais, com impacto na inflação e preços da energia elevados.
Atualmente, 49 milhões de pessoas enfrentam a fome a nível mundial, um aumento de 25% nos últimos seis meses, e 1,1 mil milhões de pessoas enfrentam a insegurança alimentar, um aumento de 40% nos últimos seis meses, adiantou.
O conflito deverá também contribuir para a agitação social, nomeadamente manifestações violentas.
"Indicadores como escala de terror político, relações com países vizinhos, instabilidade política, refugiados e deslocados internos só vão piorar à medida que começarmos a ver os impactos económicos e as ruturas da cadeia de abastecimento e a inflação", vincou o analista.
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