Desde o início da reunião bianual, que a Rússia e a China defenderam que o Alto representante internacional para a Bósnia-Herzegovina, o alemão Christian Schmidt, não tinha qualquer legitimidade.
No entanto, o alemão pode participar na sessão do Conselho de Segurança, ao contrário da reunião anterior de novembro.
Christian Schmidt assumiu o cargo no verão passado depois de ser nomeado pelo Conselho de Implementação da Paz resultante dos Acordos de Dayton (1995), composto por 55 países membros, incluindo a Rússia.
Mas para a Rússia e a China, deveria caber ao Conselho de Segurança, onde estes dois países têm direito de veto, a nomeação de um novo Alto Representante.
"Estamos preocupados com o papel desempenhado pela operação militar europeia Eufor-Atlhea na Bósnia", sublinhou a vice-embaixadora russa na ONU, Anna Evstigneeva.
"Desde março, os contingentes para esta operação duplicaram sem qualquer consulta, patrulhas são organizadas nas ruas com armas pesadas, semeando pânico entre a população", acrescentou.
A diplomata russa questionou ainda para que serve atualmente a missão militar: "Se no passado foi fator de estabilidade, hoje só serve para semear pânico e medo".
Anna Evstigneeva deixou assim antever um bloqueio russo, em novembro, quando se discutir a renovação desta missão europeia autorizada pelo Conselho de Segurança.
Vários países como o Reino Unido, França ou Albânia, pelo contrário, referiram a necessidade de manter esta missão.
"É crucial que a União Europeia continue seriamente empenhada" na Bósnia para preservar a sua união, sublinhou o embaixador albanês, Ferit Hoxha.
Sefik Dzaferovic, muçulmano bósnio, responsável pela presidência rotativa da Bósnia também composta por um membro sérvio e um membro croata, declarou-se também a favor da manutenção deste "instrumento de dissuasão".
Sem mencionar a EUFOR-Althea, a embaixadora norte-americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, lamentou "as tentativas contínuas de alguns membros do Conselho em minar o mandato e a legitimidade do Alto Representante".
No final de abril, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, revelou que os ocidentais estavam a estudar soluções alternativas para garantir a presença de uma missão internacional na Bósnia em caso de um bloqueio russo.
A EUFOR-Althea, que assumiu a operação SFOR da NATO em 2004, tem 600 soldados que foram reforçados em março com mais 500 militares.
Desde o fim da guerra intercomunitária que matou 100.000 pessoas entre 1992 e 1995, a Bósnia foi dividida em duas entidades, a Republika Srpska (RS) e uma federação croata-muçulmana, unida por um governo central fraco.
A Bósnia-Herzegovina tem adiado desde há vários anos a reforma da sua lei eleitoral, que apenas permite aos membros dos povos constitutivos -- bosníacos (muçulmanos), sérvios e croatas -- serem candidatos à presidência colegial e à Câmara alta do parlamento central, e que supõe uma discriminação a pessoas de outras origens.
Em paralelo, o recente boicote às instituições centrais e os planos secessionistas do líder sérvio bósnio Milorad Dodik agravaram a sempre presente tensão étnica da Bósnia aos seus níveis mais elevados desde a guerra civil que entre 1992 e 1995 entre muçulmanos, sérvios e croatas.
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