"O Brasil tem a posição de solução pacífica de controvérsias e deixou isso bem claro recentemente na reunião que houve no Conselho de Segurança das Nações Unidas", disse aos jornalistas Bento Albuquerque, no final de uma visita à Galp, em Lisboa.
Esta posição surgiu na sequência de questões sobre a visita do Presidente Jair Bolsonaro à Rússia, na terça-feira, a quem se vai juntar Bento Albuquerque, e se este é o momento certo para uma visita, dado o contexto de tensão política.
"Essa posição do Brasil é clara, é conhecida e isso não impede que nós continuemos com as nossas reuniões e cooperação internacional que nós já temos com parceiros, temos uma relação já com muitos anos de parceria e cooperação com a Federação Russa e continuaremos mantendo essa relação dentro daqueles acordos que nós possuímos", explicou o Ministro, numa conferência de imprensa em que esteve o presidente executivo da Galp, Andy Brown.
Segundo o governante, o tema da Ucrânia não faz parte da visita a Moscovo, mas admitiu que poderá fazer parte das conversações entre os Bolsonaro e Vladimir Putin.
"O objetivo principal dessa visita do Presidente Bolsonaro, atendendo um convite do presidente Putin, já na reunião do BRICS [grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul], que foi realizada no Brasil em 2019 [...] é fortalecer esses laços de cooperação económica entre os dois países e vamos ter oportunidade também, como fiz aqui hoje na Galp, de apresentar as perspetivas do setor de energia e mineração para o Governo russo e as empresas russas", acrescentou o ministro brasileiro.
Relativamente à visita à Galp, Bento Albuquerque referiu que se trata de uma importante empresa de energia a atuar no Brasil, onde está presente há mais de 20 anos.
"Hoje nós estivemos aqui para apresentar os nossos planos de energia, para fazer uma revisão de tudo o que ocorreu neste últimos três anos em termos de políticas públicas no setor de energia e apresentar as oportunidades que existem no mercado brasileiro", esclareceu o governante.
Durante a tarde, o ministro brasileiro estará também reunido com a EDP, com o mesmo propósito.
Os Estados Unidos alertaram, na sexta-feira, que um ataque russo pode acontecer "a qualquer momento" e pediram aos seus cidadãos que abandonassem o país rapidamente.
Desde então, dezenas de Governos, incluindo o de Portugal, aconselharam os seus cidadãos a sair da Ucrânia.
A Rússia nega qualquer intenção bélica, mas condiciona o desanuviamento da crise a exigências que diz serem necessárias para garantir a sua segurança, incluindo garantias de que a Ucrânia nunca integrará a NATO.
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