O virologista francês Luc Montagnier, que venceu o prémio Nobel da Medicina pelas descobertas sobre vírus do HIV, responsável pela doença da Sida, morreu na terça-feira, dia 8 de fevereiro, em Neuilly-sur-Seine, aos 89 anos.
Luc Montagnier morreu no Hospital Americano de Paris, em Neuilly-sur-Seine, um dos subúrbios a oeste da capital francesa, segundo o jornal Libération.
Nascido a 18 de agosto de 1932 em Chabris, Indre, Luc Montagnier foi nomeado assistente na Faculdade de Ciências de Paris em 1955, entes de se dedicar à pesquisa dos vírus animais.
Em 1967 foi nomeado chefe de investigação do Centro Nacional de Investigações Científicas (CNRS) e cinco anos depois da Unidade Oncológica do Instituto Pasteur de Paris.
Entre 1980 e 1984, Montagnier e a equipa do Instituto Pasteur isolaram vários retrovírus humanos de pacientes com infeções sexuais, hemofílicos, mães que o transmitiram aos filhos e pessoas infetadas em transfusões.
Em 1983, em conjunto com Jean-Claude Chermann e Françoise Barré-Sinoussi, conseguiu isolar um vírus que inicialmente chamaram de VAL (vírus associado à linfadenopatia), e que mais tarde foi identificado como o vírus causador da Sida e foi chamado de HIV (vírus da imunodeficiência humana). O trabalho dos três foi reconhecido mais tarde, em 2008, com o Prémio Nobel da Medicina.
Montagnier também apresentou um exame de sangue capaz de detetar os anticorpos do vírus e, em colaboração com os médicos Jean-Claude Chermann e Françoise Barré-Sinoussi, publicou um trabalho descrevendo o HIV.
Em 1984, porém, o norte-americano Robert Gallo reivindicou a responsabilidade pela descoberta do HIV, o que deu origem a uma polémica que durou vários anos e foi resolvida com o reconhecimento de ambos como pais da descoberta.
Desde que recebeu o Nobel, Luc Montagnier tem estado no centro de várias polémicas, e publicou vários artigos que foram muito mal recebidos pela comunidade científica. Uma das mais recentes está relacionada com uma entrevista concedida ao site de saúde Porquoi Docteur durante a qual afirmou que o novo coronavírus foi concebido num laboratório do Instituto de Virologia em Wuhan por cientistas chineses, do qual terá saído de forma involuntária.
O virologista disse mesmo que uma transmissão com origem num "mercado vivo" da cidade de Wuhan, epicentro da Covid-19, é uma "história da carochinha".
[Notícia atualizada às 00h06]
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