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Argélia saúda "dinâmica de apaziguamento" das relações com a França

A Embaixada da Argélia em França considerou hoje existir uma "dinâmica ascendente de apaziguamento" entre Argel e Paris, e saudou as "condenações unânimes" contra a destruição uma estátua do herói argelino Abdelkader.

Argélia saúda "dinâmica de apaziguamento" das relações com a França
Notícias ao Minuto

18:44 - 06/02/22 por Lusa

Mundo Argélia

"A Argélia toma nota das condenações unânimes das autoridades francesas (...), mostrando o profundo respeito devido à personalidade do emir Abdelkader", afirmou a Embaixada numa declaração. "Estas condenações fazem inegavelmente parte desta dinâmica ascendente de apaziguamento instada pelas altas autoridades de ambos os países", acrescentou.

Uma escultura de homenagem a Abdelkader foi vandalizada antes da sua inauguração, no sábado, em Amboise, no centro de França, sendo este ato amplamente condenado.

A obra, instalada por altura do 60.º aniversário da independência da Argélia, foi proposta pelo historiador Benjamin Stora no seu relatório sobre "Questões memoriais relacionadas com a colonização e a guerra argelina", apresentado ao Presidente francês, Emmanuel Mácron, em janeiro de 2021.

"Lembremo-nos do que nos une. A República não apagará qualquer vestígio ou qualquer nome da sua história. Não se esquecerá de nenhuma das suas obras. Não vai desmascarar nenhuma estátua", disse o Presidente Emmanuel Mácron, condenando o ato, enquanto o ministro do Interior, Gérald Darmanin, criticou um ato "profundamente estúpido".

Hoje, a Embaixada argelina em França voltou a denunciar "um ato de vandalismo de inclassificável baixeza".

Mas, aos mesmo tempo assegurou "a continuação da dinâmica argelino-francesa, apoiada por uma vontade política de ambos os lados de avançar".

Na sexta-feira, o chefe da diplomacia argelina, Ramtane Lamamra, já tinha dito que as relações bilaterais se encontravam "numa fase ascendente".

Os dois países têm vindo a trabalhar há várias semanas para renovar a sua relação, após uma nova crise alimentada por comentários de Emmanuel Mácron, em outubro passado, culpando o sistema "político-militar" argelino por manter um "aluguer de memória" em torno da guerra de independência argelina (1954-1962).

A escultura em homenagem a Abd el-Kader foi vandalizada antes de sua inauguração em Amboise, no centro da França, onde o herói nacional argelino foi detido com vários membros de sua família de 1848 a 1852.

A obra intitulada "Passage Abdelkader" e assinada pelo artista Michel Audiard, representa o emir (1808-1883) recortado de uma chapa de aço enferrujado, que foi amplamente destruída na parte inferior da estrutura, constataram no local jornalistas da agência de notícias francesa France Presse.

A inauguração da escultura, porém, foi mantida, tendo o presidente da câmara de Amboise, Thierry Boutard expressado toda a sua "indignação".

"Fiquei envergonhado por tratarmos uma obra de arte e um artista desta forma. O segundo sentimento é claro de indignação. É um dia de harmonia, que deve unir, e tal comportamento é indescritível", disse à AFP.

Ouassila Soum, franco-argelina de 37 anos, disse igualmente que estava "com o coração partido".

"Não foram crianças que fizeram os estragos, é uma pena e ao mesmo tempo não é surpreendente com o discurso de ódio e o clima nauseante atual", afirmou à France Presse, vendo nesta escultura "um símbolo de reaproximação entre povos e civilizações".

O embaixador da Argélia em França, Mohamed Antar Daoud, pediu "mais diálogo e compreensão".

Emir Abd el-Kader ibn Mahieddine (1808-1883) é uma figura da história da Argélia.

Aquele que foi apelidado de "o melhor inimigo da França" desempenhou um grande papel na recusa da presença colonial francesa na Argélia, sendo considerado um dos fundadores da Argélia moderna.

Após a sua rendição, foi preso em Toulon (sudeste), Pau (sudoeste) e depois no Château d'Amboise de 1848 até sua libertação em 1852.

Este "homem-ponte", como Benjamin Stora o apelidou, foi para o exílio depois, em Damasco, onde se distinguiu em 1860 por defender os cristãos da Síria, que eram perseguidos.

Este ato fez dele um símbolo de tolerância, pelo que será recompensado na França com a Grã-Cruz da Legião de Honra.

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