Os dirigentes russos argumentaram que a sua decisão foi uma represália pela interdição de todos os canais de difusão do programa alemão da Russia Today (RT).
A ministra alemã da Cultura e dos Media, Claudia Roth, considerou que "esta comparação não tem qualquer fundamento", uma vez que a RT em alemão difundia "sem licença e não tinha pedido autorização", ao contrário da Deutsche Welle na Federação Russa.
Para mais, acentuou a ministra alemã, "o Estado alemão não influencia a programação" da DW, "ao contrário da RT DE", acusada na Europa de ser um instrumento de desinformação do Kremlin.
O regulador alemão dos 'media', ZAK, tinha anunciado na quarta-feira a interdição do sítio da RT na internet e a sua aplicação móvel, justificando-se com o facto de "a autorização necessária" não ter sido "nem pedida nem atribuída".
A difusão por satélite da 'RT DE' tinha sido interrompida pouco depois do seu lançamento em 16 de dezembro, também a pedido das autoridades alemãs.
A RT tem uma licença na Sérvia e entendia que esta lhe permitia difundir na Alemanha, entendimento que o regulador alemão não tem.
A decisão de encerramento, anunciado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, é uma novidade para um grande meio ocidental na história pós-soviética russa.
Acontece também em plena crise entre russos e ocidentais, a propósito da Ucrânia.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo anunciou também o lançamento de um processo para designar a Deutsche Welle como "agente do estrangeiro", qualificativo injurioso e controverso, já aplicado a vários meios russos críticos do poder do Kremlin.
Este qualificativo designa indivíduos ou organizações que as autoridades russas dizem ser financiados a partir de países estrangeiros para servir interesses contrários aos da Rússia.
Durante a manhã, a Presidência russa condenara a decisão do regulador alemão, considerando-a um "ataque à liberdade de expressão", e anunciou que as represálias estão iminentes.
"Isto não passa de um ataque à liberdade de expressão que só podemos lamentar", disse aos jornalistas o porta-voz do presidente Vladimir Putin, Dmitry Peskov.
A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, prometera, na quarta-feira, que a Rússia iria adotar medidas de retaliação e anunciara que seriam apresentadas hoje.
A retaliação do Kremlin inclui também o "encerramento do escritório local" da Deutsche Welle, a "retirada das credenciais a todos os funcionários" deste escritório e a "interrupção das transmissões" no território russo.
Estão também previstas sanções contra "representantes do Estado alemão e estruturas públicas envolvidas na proibição da transmissão do RT", refere o comunicado.
Segundo o Ministério, estas medidas constituem a "primeira etapa" do processo de retaliação de Moscovo, que promete outra resposta "no devido tempo".
Inaugurado em 2005, o canal russo, financiado pelo Estado, conta com canais e sítios na internet em várias línguas, como inglês, francês, espanhol, alemão e árabe.
Considerado internacionalmente como uma ferramenta de propaganda do Kremlin, o RT já foi alvo de polémicas em vários países, incluindo nos Estados Unidos, onde teve de se registar como um "agente estrangeiro".
No Reino Unido, as autoridades ameaçaram retirar a licença de emissão e em outros países chegou mesmo a ser proibido, como na Lituânia e na Letónia.
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