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ONU confirma dezenas de mortos no ataque contra refugiados em Tigray

Cerca de 50 pessoas, deslocadas internas devido ao conflito entre o Governo etíope e os rebeldes na província norte de Tigray morreram na sexta-feira num bombardeamento, confirmou hoje fonte das Nações Unidas.

ONU confirma dezenas de mortos no ataque contra refugiados em Tigray
Notícias ao Minuto

19:25 - 10/01/22 por Lusa

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"Cerca de 50 pessoas morreram como resultado do bombardeamento, incluindo 12 crianças, segundo fontes médicas do hospital Shire [cidade na região centro-norte da província]", disse o porta-voz do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA), Saviano Abreu, citado pela agência Efe.

O bombardeamento provocou ainda 138 feridos, acrescentou Saviano Abreu, que destacou a impossibilidade do OCHA em confirmar mais detalhes do bombardeamento, incluindo o número de vítimas na ação, que teve como alvo um campo de refugiados em Dedébit.

Os rebeldes da Frente Popular de Libertação de Tigray (TPLF, na sigla em inglês) responsabilizaram o Exército governamental, através de um comunicado divulgado domingo.

"A falta de cuidados médicos e de combustível está a complicar a assistência aos feridos", disse ainda o porta-voz do OCHA.

A falta de segurança tinha já levado o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a denunciar em 07 de janeiro que esta agência da ONU está impedida de entregar material médico em Tigray desde julho passado.

Pelos mesmos motivos, apenas 12% dos camiões que a ONU preparou com ajuda humanitária para Tigray, também desde julho, conseguiram passar e entregar a sua carga no destino, denunciou em 06 de janeiro o porta-voz da organização, Stéphane Dujarric.

Fontes humanitárias confirmaram que o bombardeamento em Dedébit, por um lado, e a falta de combustível, por outro, levaram algumas organizações a suspender as suas atividades naquela região.

A guerra no Tigray eclodiu em 04 de novembro de 2020, quando o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, enviou o Exército federal para a província no norte do país, com a missão de retirar pela força as autoridades locais da TPLF, que vinham a desafiar a autoridade de Adis Abeba há muitos meses.

O pretexto específico da invasão foi um alegado ataque das forças provinciais a uma base militar federal no Tigray, e a operação foi inicialmente caracterizada por Adis Abeba como uma missão de polícia, que tinha como objetivo restabelecer a ordem constitucional e conduzir perante a justiça os responsáveis pela sua perturbação continuada.

Abiy Ahmed declarou vitória três semanas depois da invasão, quando o Exército federal capturou a capital, Mekele. Em junho deste ano, porém, as forças afetas à TPLF já tinham retomado a maior parte do território do Tigray, e continuaram a ofensiva nas províncias vizinhas de Amhara e Afar.

Em novembro, as forças de Tigray e forças insurgentes aliadas da Oromia (outra província etíope) começaram a retirar das áreas ocupadas para a região de origem. Em contrapartida, o poder em Adis Abeba comprometeu-se em não voltar a invadir a província rebelde.

O Exército federal está nas fronteiras de Tigray e retomou o controlo de várias posições anteriormente nas mãos das forças da TPLF em Amhara e Afar.

O conflito na Etiópia provocou a morte de vários milhares de pessoas e fez mais de dois milhões de deslocados, deixando ainda centenas de milhares de etíopes em condições de quase fome, de acordo com a ONU.

Uma investigação conjunta do Alto-Comissariado das Nações Unidas e da Comissão Etíope dos Direitos Humanos, criada pelo governo etíope, concluiu no início de novembro último que foram cometidos crimes contra a humanidade por todas as partes envolvidas no conflito, onde participaram o Exército da Eritreia, ao lado do Exército federal etíope, assim como forças insurgentes do estado da Oromia, ao lado do contingente militar da TPLF.

A ONU estima, por outro lado, que entre novembro e dezembro tenham sido detidas entre 5.000 e 7.000 pessoas, incluindo membros do seu pessoal, sobretudo de etnia tigray.

Os intensos esforços diplomáticos, incluindo os da União Africana, para alcançar um cessar-fogo, não produziram até agora qualquer progresso decisivo.

Leia Também: Refugiados em Calais. "É uma crise humanitária e só vai piorar"

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