"Dada a atual situação no Afeganistão, a cimeira da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI) - que se realiza domingo na capital do Paquistão - é muito importante e espera-se que o resultado seja a favor do Afeganistão", disse o vice-chefe da comissão cultural dos Talibãs, Ahmadullah Wasiq.
Os talibãs veem neste encontro uma oportunidade para obter apoio da comunidade internacional e a reativação dos fundos de reconstrução, suspensos desde a sua conquista de Cabul, eem agosto passsado, para enfrentar a grave crise económica e humanitária que o país atravessa, e que pode piorar com a chegada do inverno.
O porta-voz adjunto do talibãs, Bilal Karimi, disse à agência noticiosa espanhola Efe que um relacionamento próximo com os países islâmicos deve servir para "apoiar a economia afegã e levantar a sua voz pelos direitos do povo afegão, que são a prioridade do Emirado Islâmico" (como autodenominam o Afeganistão).
Karimi espera que durante a cimeira se consolidem as relações diplomáticas com os países islâmicos e a comunidade internacional, a quem pedem para "respeitar os direitos afegãos e reativar os fundos congelados do povo afegão", acrescentou.
Esta é a primeira vez que uma delegação do Governo talibã, liderada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do Afeganistão, Amir Khan Muttaqi, estará presente num encontro internacional que tratará da crise afegã desde que assumiu o poder em 15 de agosto.
Desde então, a crise humanitária no Afeganistão agravou-se a ponto de, segundo o mais recente relatório do Programa Alimentar Mundial, 95% da população afegã não tem acesso a alimentos suficientes e cerca de 23 milhões de pessoas enfrentam graves perdas.
Um dos principais partidos políticos do Afeganistão, o Jamiat-e-Islami, emitiu um comunicado solicitando aos membros e participantes da cimeira que não permitissem aos talibãs transformar esta reunião numa plataforma de campanha pela legitimidade internacional.
"Desde que os talibãs assumiram o controlo, os Direitos Humanos e os direitos básicos dos cidadãos, especialmente o direito ao trabalho e à educação das mulheres, foram amplamente violados, e os combatentes talibãs retaliaram, por julgamentos e assassinatos. No deserto, especialmente em áreas remotas, tornaram-se comuns ", alertaram.
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