Netanyahu emitiu estas declarações depois de várias fontes terem indicado que o grupo palestiniano aceitou a mais recente proposta de cessar-fogo que lhe foi apresentada pelos mediadores no Cairo, embora não tenha ainda feito uma declaração oficial.
"Tal como vós, oiço as notícias nos meios de comunicação social e delas retiro a impressão de que o Hamas está sob pressão atómica", declarou Netanyahu numa mensagem vídeo, após ter-se reunido com uma divisão de soldados em Gaza e com o ministro da Defesa, Israel Katz.
Por seu lado, Katz atribuiu a resposta positiva do Hamas à pressão israelita "para conquistar" a cidade de Gaza, sobre a qual Israel intensificou os seus bombardeamentos, apesar de nela se encontrar refugiado um milhão de pessoas.
"Vemos que, pela primeira vez, após semanas em que o Hamas se mostrou relutante em negociar qualquer acordo para a libertação de reféns, apesar de a Turquia e o Qatar já terem abordado a questão, esse acordo está subitamente em cima da mesa", disse Katz num comunicado divulgado no final da mesma reunião.
"A razão é clara: só o medo do Hamas de que tenhamos a séria intenção de conquistar Gaza o motiva a negociar", acrescentou, apesar de o Hamas já ter anteriormente dado 'luz verde' a propostas que depois foram consideradas inaceitáveis por Israel.
Uma fonte da segurança egípcia a par das negociações confirmou à agência de notícias espanhola EFE que o Hamas aceitou a última proposta e disse que ela será comunicada ao Governo israelita através de Washington, "para pressionar Israel a aceitá-la e pôr fim à operação militar na cidade de Gaza".
A proposta aceite pelo grupo palestiniano inclui o congelamento das suas atividades militares na Faixa de Gaza, um cessar-fogo de 60 dias em troca da libertação de 10 reféns israelitas e a entrada maciça no enclave de ajuda humanitária para aliviar a crise humanitária que a população de Gaza enfrenta.
Durante meses, os principais obstáculos a um novo acordo foram o Hamas exigir o fim definitivo da guerra e a retirada de todas as tropas israelitas, enquanto Israel pretendia uma trégua temporária e anunciou a intenção de ocupar a cidade de Gaza.
Contudo, também Netanyahu se encontra sob forte pressão tanto da opinião pública como da comunidade internacional, onde se multiplicam os apelos para que se ponha fim ao sofrimento dos habitantes de Gaza.
Dezenas de milhares de israelitas manifestaram-se em Telavive no domingo para exigir o fim da guerra e o regresso dos reféns, sequestrados a 07 de outubro de 2023, durante o ataque sem precedentes do Hamas a Israel, no qual foram mortas cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis, e sequestradas 251, desencadeando uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar o Hamas".
A guerra no enclave palestiniano fez, até agora, pelo menos 62.004 mortos, na maioria civis, e 154.906 feridos, além de milhares de desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros, e mais alguns milhares que morreram de doenças, infeções e fome, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
Prosseguem também diariamente as mortes por fome, causadas pelo bloqueio de ajuda humanitária durante mais de dois meses, seguido da proibição israelita de entrada no território de agências humanitárias da ONU e organizações não-governamentais (ONG).
Alguns mantimentos estão desde então a entrar a conta-gotas e a ser distribuídos em pontos considerados seguros pelo Exército, que regularmente abre fogo sobre civis palestinianos famintos, tendo até agora matado 1.908 e ferido pelo menos 13.863.
Há muito que a ONU declarou o território em grave crise humanitária, com mais de 2,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" e "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
Já no final de 2024, uma comissão especial da ONU tinha acusado Israel de genocídio em Gaza e de estar a usar a fome como arma de guerra, situação também denunciada por países como a África do Sul junto do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), uma classificação igualmente utilizada por organizações internacionais e israelitas de defesa dos direitos humanos.
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