Rússia denuncia pretensão ucraniana de recuperar Crimeia
A Rússia considerou hoje como uma "ameaça direta" a declaração da Ucrânia de pretender recuperar a península da Crimeia, que foi anexada por Moscovo em 2014.
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Mundo Rússia
"Vemos isto como uma ameaça direta à Rússia", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, numa conferência de imprensa em Moscovo, referindo-se a declarações do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, sobre a Crimeia.
Numa intervenção no parlamento ucraniano, na quarta-feira, Zelensky disse que a "libertação da Crimeia" era um objetivo e uma filosofia nacionais.
Há quase oito anos, "rebentou a guerra em Donbass e a Rússia anexou a Crimeia", disse Zelenski, que apelou para "não haver medo" de discutir o conflito com Moscovo.
Salientou também que os ucranianos sabem quais os países europeus que apoiam a Ucrânia e quais os que "apenas fingem apoiar o país e a sua independência", segundo a agência de notícias espanhola EFE.
"Este tipo de formulação indica que o regime de Kiev pretende utilizar todo e qualquer meio disponível, incluindo os que envolvem força, para invadir uma região russa. É exatamente assim que nos sentimos inclinados a perceber isto", disse Peskov, citado pela agência russa TASS.
Denunciando a "retórica agressiva" das autoridades ucranianas, o porta-voz disse também que Moscovo teme uma operação militar de Kiev no Leste da Ucrânia.
O exército ucraniano tem vindo a combater separatistas pró-russos na região de Donbass desde 2014, numa guerra que já provocou mais de 14.000 mortos. Os confrontos diminuíram desde os acordos de paz em 2015, mas a violência ainda ocorre com regularidade.
Peskov disse que a "possibilidade de uma ação militar" da Ucrânia na região de Donbass "continua elevada".
"Vemos um aumento da intensidade das ações provocatórias (...). Esta é uma questão de grande preocupação para nós", disse Peskov, citado pela agência de notícias Associated Press.
O Presidente da Ucrânia também defendeu "negociações diretas" com a Rússia sobre o conflito em Donbass, mas o porta-voz do Kremlin respondeu que Kiev não tem de negociar com Moscovo, mas sim com os separatistas que o seu exército combate desde 2014.
Estas declarações surgem num momento de crescentes tensões entre a Ucrânia e a Rússia, com acusações a Moscovo de reunir tropas na fronteira e Kiev a dizer que teme uma invasão iminente.
A Rússia nega qualquer intenção bélica e acusa a Ucrânia de constituir uma ameaça para o país.
Os serviços secretos russos (FSB) afirmaram hoje ter detido três espiões ucranianos, um dos quais preparava um "ataque" com explosivos, sem indicarem onde ou quando foram interpelados.
Num comunicado, o FSB indica que dois dos homens "confessaram terem sido recrutados" pelo serviço de segurança ucraniano, o SBU, que considera que as detenções fazem parte da "guerra híbrida" e da "propaganda" da Rússia.
O SBU, por seu turno, assegura ter "exposto cerca de 50 agentes" russos na Ucrânia este ano, dois dos quais "apanhados em flagrante delito", e ter registado 5.000 ciberataques conduzidos por Moscovo.
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