Rússia denuncia pretensão ucraniana de recuperar Crimeia

A Rússia considerou hoje como uma "ameaça direta" a declaração da Ucrânia de pretender recuperar a península da Crimeia, que foi anexada por Moscovo em 2014.

O jornal de investigação russo Novaya Gazeta, um dos símbolos da imprensa independente na Rússia, disse hoje que foi derramado um produto químico desconhecido na entrada da sua redação, em Moscovo, já anteriormente alvo de ataques.

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Lusa
02/12/2021 15:30 ‧ 02/12/2021 por Lusa

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"Vemos isto como uma ameaça direta à Rússia", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, numa conferência de imprensa em Moscovo, referindo-se a declarações do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, sobre a Crimeia.

Numa intervenção no parlamento ucraniano, na quarta-feira, Zelensky disse que a "libertação da Crimeia" era um objetivo e uma filosofia nacionais.

Há quase oito anos, "rebentou a guerra em Donbass e a Rússia anexou a Crimeia", disse Zelenski, que apelou para "não haver medo" de discutir o conflito com Moscovo.

Salientou também que os ucranianos sabem quais os países europeus que apoiam a Ucrânia e quais os que "apenas fingem apoiar o país e a sua independência", segundo a agência de notícias espanhola EFE.

"Este tipo de formulação indica que o regime de Kiev pretende utilizar todo e qualquer meio disponível, incluindo os que envolvem força, para invadir uma região russa. É exatamente assim que nos sentimos inclinados a perceber isto", disse Peskov, citado pela agência russa TASS.

Denunciando a "retórica agressiva" das autoridades ucranianas, o porta-voz disse também que Moscovo teme uma operação militar de Kiev no Leste da Ucrânia.

O exército ucraniano tem vindo a combater separatistas pró-russos na região de Donbass desde 2014, numa guerra que já provocou mais de 14.000 mortos. Os confrontos diminuíram desde os acordos de paz em 2015, mas a violência ainda ocorre com regularidade.

Peskov disse que a "possibilidade de uma ação militar" da Ucrânia na região de Donbass "continua elevada".

"Vemos um aumento da intensidade das ações provocatórias (...). Esta é uma questão de grande preocupação para nós", disse Peskov, citado pela agência de notícias Associated Press.

O Presidente da Ucrânia também defendeu "negociações diretas" com a Rússia sobre o conflito em Donbass, mas o porta-voz do Kremlin respondeu que Kiev não tem de negociar com Moscovo, mas sim com os separatistas que o seu exército combate desde 2014.

Estas declarações surgem num momento de crescentes tensões entre a Ucrânia e a Rússia, com acusações a Moscovo de reunir tropas na fronteira e Kiev a dizer que teme uma invasão iminente.

A Rússia nega qualquer intenção bélica e acusa a Ucrânia de constituir uma ameaça para o país.

Os serviços secretos russos (FSB) afirmaram hoje ter detido três espiões ucranianos, um dos quais preparava um "ataque" com explosivos, sem indicarem onde ou quando foram interpelados.

Num comunicado, o FSB indica que dois dos homens "confessaram terem sido recrutados" pelo serviço de segurança ucraniano, o SBU, que considera que as detenções fazem parte da "guerra híbrida" e da "propaganda" da Rússia.

O SBU, por seu turno, assegura ter "exposto cerca de 50 agentes" russos na Ucrânia este ano, dois dos quais "apanhados em flagrante delito", e ter registado 5.000 ciberataques conduzidos por Moscovo.

Leia Também: Estados Unidos e Rússia trocam acusações em reunião em Estocolmo

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