Brasil: "Minha dor não é mimimi". Pai que perdeu filho emociona-se na CPI

Terminou ontem a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga alegadas falhas e omissões do executivo na gestão da pandemia no Brasil. O relatório final será hoje apresentado e votado na quarta-feira, dia 20 de outubro.

Márcio Antônio do Nascimento Silva, CPI, brasil

© TV do Senado

Notícias ao Minuto
19/10/2021 10:06 ‧ 19/10/2021 por Notícias ao Minuto

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Márcio Antônio do Nascimento Silva, que perdeu o filho de 25 anos em abril do ano passado, infetado com novo coronavírus, foi um dos seis familiares de vítimas da doença a prestar depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à gestão da pandemia no Brasil. 

O brasileiro não conseguiu conter a emoção ao dizer que a sua dor "não é mimimi", uma expressão utilizada no início deste ano por Jair Bolsonaro ("Temos de enfrentar os nossos problemas. Chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando?").

"A minha dor não é 'mimimi'. Não é, não é. Dói para caramba mesmo. Dói, dói. Entendeu? Então, não aceito que ninguém aceite isso como normal. Não é normal, não é normal, não é. Sabe, não é normal! Essa dor não é mimimi… Não importa que meu filho tenha 25 anos, isso não é relevante; não importa que a mãe dela tenha 80: são vidas, são pessoas que a gente ama, como todos aqui amam", disse.

Os familiares das vítimas de Covid-19 explicaram ao painel como enfrentaram a pandemia e como cuidaram dos seus familiares doentes. Alguns deles relataram que não puderam despedir-se dos entes queridos, por causa da doença, nem sequer participar num funeral.

"Eu acho que nós merecíamos um pedido de desculpa, nós merecíamos um pedido de desculpa, da maior autoridade do país, entendeu? Porque não é questão política, se é de um partido, se é de outro, nós estamos falando de vidas de pessoas. Cada depoimento aqui, eu acho que, em cada depoimento, um sentiu o depoimento do outro e acrescentou o que o outro tinha para falar", declarou Márcio.

Notícias ao Minuto Márcio perdeu o filho, Hugo, de 25 anos, para a doença no ano passado© MAURO PIMENTEL/AFP via Getty Images  

Relatório final da CPI será hoje apresentado

A Comissão foi instalada no Senado brasileiro em abril passado e, desde então, tem apurado indícios de inúmeras irregularidades, que vão desde a defesa de fármacos ineficazes contra a doença por parte do Governo, até possíveis casos de corrupção na negociação de vacinas.

Marcada por várias polémicas e revelações, a CPI da Pandemia ouviu mais de 50 pessoas, entre ministros e ex-ministros, especialistas em Saúde, empresários, advogados, funcionários públicos, entre outros, e abordou ainda alegadas falhas na gestão da pandemia, como a demora na aquisição de vacinas ou a crise de oxigénio no Amazonas, que matou dezenas de pacientes por asfixia.

O relatório final da CPI será apresentado esta terça-feira e a votação do mesmo acontecerá amanhã, quarta-feira.

Se aprovado por maioria simples pelos onze membros da comissão, o relatório será enviado ao Procurador-Geral da República, ao Tribunal de Contas e aos demais órgãos responsáveis por fiscalizar a atuação do governo, para que iniciem as respetivas investigações judiciais.

Leia Também: Bolsonaro ironiza sobre acusação de homícidio na gestão da pandemia

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