Ataque de rebeldes a transportes de alimentos na RCA fez 15 mortos
Pelo menos 15 pessoas foram mortas na terça-feira à noite durante um ataque de rebeldes da Coligação de Patriotas pela Mudança (CPC) a um comboio de transporte de alimentos no sul da República Centro-Africana (RCA), anunciaram hoje as autoridades.
© Reuters
A emboscada aconteceu entre as cidades de Bambari e Alinda, na prefeitura de Ouaka, disse à agência Efe o presidente da câmara de Bambari, Abel Machipata.
"Os rebeldes do CPC prenderam-nos a dez quilómetros da entrada da cidade de Alindao. Revistaram todas as pessoas a bordo dos camiões, uma a uma", disse Mahamat Abdou, um dos camionistas, que foi alvejado duas vezes na clavícula.
E prosseguiu: "Depois de nos despojarem de tudo, dispararam-nos à queima-roupa. Morreram pessoas no local. E atearam fogo aos três camiões", disse Abdou, que disse desconhecer os motivos do ataque.
"Muitas vezes, quando param camiões nas estradas, é apenas para despojar os comerciantes dos seus bens materiais e financeiros e deixá-los ir. Mas no nosso caso, eles massacraram os comerciantes, que são todos civis. Talvez eles queiram enviar uma mensagem ao governo", acrescentou o camionista.
Fontes governamentais indicaram que a segurança foi reforçada em Ouaka para lidar com as ameaças de grupos armados.
Este massacre de civis ocorre num contexto em que o Governo da África Central está a preparar um diálogo nacional com atores sociopolíticos do país, embora rejeite a participação do CPC por violar o acordo de paz de 2019.
A RCA tem registado uma violência sistémica desde finais de 2012, quando uma coligação de grupos rebeldes da maioria muçulmana do nordeste - a séléka - apreendeu Bangui, a capital, e derrubou o Presidente François Bozizé após dez anos no poder (2003-2013), o que desencadeou uma guerra civil.
Como resistência contra a séléka, formaram-se milícias cristãs chamadas anti-balaka que, tal como o primeiro grupo, acabaram por se fragmentar numa miríade de fações armadas.
Hoje, apesar da assinatura do histórico acordo de paz em 2019, dois terços do país - rico em diamantes, urânio e ouro - ainda é controlado por milícias e a violência já resultou na morte de milhares de pessoas e na deslocação de mais de um milhão.
Desde as eleições presidenciais de 27 de dezembro - ganhas por Faustin Archange Touadéra - os seis grupos armados que compõem o CPC têm vindo a atacar diferentes partes do país.
Em 13 de janeiro, estas milícias que, segundo Touadéra e a ONU, têm o apoio político de Bozizé - algo que ele nega - tentaram mais uma vez tomar Bangui num ataque repelido pelo exército, pelas tropas russas e ruandesas e pela missão das Nações Unidas.
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