Conflito dos EUA com a França "vai além da relação bilateral"
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, afirmou no sábado que o conflito entre os Estados Unidos e a França devido ao cancelamento de uma encomenda de submarinos pela Austrália "vai além da relação bilateral".
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Mundo Charles Michel
Depois de participar na VI cimeira da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) na Cidade do México, Charles Michel disse, em entrevista à Efe, que os países aliados devem comportar-se com lealdade.
"Os Estados Unidos são chave para a União Europeia e espero que a decisão tomada se baseie nos princípios de lealdade e amizade em que todos confiamos", afirmou.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, convocou os seus respetivos embaixadores nos Estados Unidos e Austrália, na sequência do cancelamento do contrato de compra de submarinos.
O conflito teve início na quarta-feira quando os Estados Unidos, Reino Unido e Austrália anunciaram uma aliança de defesa na região do Indo-Pacífico.
Além de aumentar a tensão na relação com a China, o acordo entre os três países prevê o cancelamento de um contrato que Camberra tinha firmado com Paris para a compra de 12 submarinos convencionais.
Em vez de comprar os submarinos franceses, a Austrália compromete-se a estudar a compra de submarinos norte-americanos de propulsão nuclear.
O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, disse na sexta-feira que já havia dito a Macron, em junho, as suas dúvidas sobre a adequação dos submarinos franceses, dadas as necessidades da região.
O ministro da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian, considerou que a decisão da Austrália e dos Estados Unidos foi "uma punhalada nas costas", que esfriará as relações de Paris com Washington.
O presidente do Conselho Europeu reconheceu, por sua vez, que as relações dos Estados Unidos com a União Europeia melhoraram desde a chegada de Joe Biden à Casa Branca, em janeiro, em contraste com a Administração prévia de Donald Trump.
"Temos tido muitas reuniões e é mais fácil ter uma relação normal com esta Administração. Isso não quer dizer que tudo seja fácil", afirmou Michel.
"Temos diferentes opiniões e diferentes abordagens a nível internacional, o que não significa que não seja possível estabelecer uma relação, apesar dos últimos acontecimentos do conflito no Pacífico que decorreram sem consultar a União Europeia", sublinhou.
Relativamente às relações com a China, Charles Michel considerou que a UE deve reavaliar a relação com este país asiático.
"Não podemos ser inocentes porque a China está a tentar aumentar a sua influência em todos os lugares e também aqui na América Latina e em África", rematou.
Durante a sua participação na VI cimeira da Celac, Michel expressou o apoio da UE a uma maior integração económica na região e o apoio europeu à reconstrução da América Latina devido aos efeitos da pandemia de covid-19.
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