Especialistas associam alterações climáticas ao fogo em Sierra Bermeja

A crescente vegetação que morre devido às alterações climáticas torna-se material inflamável e é uma das causas que dificulta o combate ao incêndio florestal na Serra Bermeja, no sul de Espanha, segundo professores da Universidade de Málaga.

Sierra Bermeja

© Getty Images

Lusa
14/09/2021 07:05 ‧ 14/09/2021 por Lusa

Mundo

Incêndios

 

À complexidade orográfica e às especiais condições meteorológicas deste incêndio juntam-se as consequências do aquecimento global, explicou à agência espanhola Efe José Damián Ruiz Sinoga, professor de Geografia Física da instituição académica de Málaga, província onde se localiza a Serra Bermeja.

Segundo José Damián Ruiz, as alterações climáticas fazem com que os solos entrem em ponto de murcha prematuramente: "Se antes entravam em junho, agora fazem-no em maio"

Assim, estes solos não fornecem água à vegetação, o que provoca a morte e, portanto, uma maior presença de combustível na montanha, que é o que torna o fogo da Serra Bermeja "muito perigoso", detalhou.

O diretor da Cátedra de Alterações Climáticas da Universidade de Málaga, Enrique Salvo Tierra, apontou, por seu turno, à Efe os "dois pontos-chave" deste incêndio: a formação de pirocúmulos (nuvens de fumo que podem conter partículas de fogo) e o combustível vegetal.

A complexidade da orografia também contribuiu: "Há vales muito abruptos e muito fechados, com declives de orientação muito elevados", sublinhou.

Apesar de acreditar que ainda é preciso esperar, Enrique Salvo Tierra prevê que a acumulação de cinzas fará com que "muitas delas acabem no Mar de Alboran".

Recordou o papel desempenhado pelas florestas, bosques e matos da Serra Bermeja antes do incêndio, que consiste em "sequestrar CO2". Contudo, o atual incêndio veio provocar a libertação "em proporções enormes" de dióxido de carbono, um dos gases com efeito estufa que contribui para o aquecimento global.

Por isso, Enrique Salvo Tierra tem insistido na importância de procedimentos de adaptação às alterações climáticas e de um planeamento "muito rigoroso" de regeneração e restauração das áreas ardidas, para que "os solos queimados não sejam objeto de especulação urbanística".

O fogo começou na Serra de Bermeja no início da noite de quarta-feira e foi crescendo durante a madrugada de quinta-feira, provocando as primeiras evacuações perto da estância turística mediterrânica de Estepona.

Leia Também: Fogo no sul de Espanha mata bombeiro e obriga retirada de mil pessoas

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