Vinte anos após os mortíferos ataques de 11 de Setembro nos Estados Unidos, os descendentes das vítimas lamentam não terem conhecido alguns membros da família, mas tiram satisfação em acreditar que têm anjos a olhar por eles.
"Nunca te conheci, mas sinto imenso a tua falta. A mãe conta-me todas as coisas loucas que tu fazias", afirmou hoje uma criança, durante a leitura de nomes de vítimas na cerimónia do vigésimo aniversário dos ataques, na praça agora conhecida como 9/11 Memorial.
Quase três mil nomes são hoje proferidos para homenagear todas as vítimas do 11 de Setembro, numa cerimónia que ocupa toda a manhã, desde o primeiro sino e minuto de silêncio, às 08:46 (13:46 em Lisboa), quando, há vinte anos, o primeiro avião colidiu com um edifício no World Trade Center.
"Ouvi tantas boas histórias sobre ti e sou uma sortuda por ter um modelo como o meu avô", disse a neta de um bombeiro vitimado, durante a leitura de nomes.
"A tua perda deixou um buraco e uma dor no coração que nunca, nada irá curar. O nosso amor e as nossas memórias contigo são coisas que ninguém, nada, nenhum mal, poderão apagar. Deus abençoe a América", declarou a filha de Louis Aversano Jr., suscitando um aplauso.
Emoções à flor da pele veem-se hoje em muitas das pessoas à volta do Memorial e Museu do 11 de Setembro, na zona de World Trade Center, em Nova Iorque. Bandeiras exibidas, coroas de flores e cartazes com fotografias fazem parte do cenário.
"Há vinte anos, o meu avô segurava-me nos braços, a primeira dos seus seis netos. Sete dias depois, a sua vida acabava", lembrou a familiar de um chefe de batalhão.
Além da homenagem aos sobreviventes e familiares das vítimas, a comemoração deste ano, organizada pelo Museu do 11 de Setembro, está focada em ensinar aos jovens o que aconteceu.
Segundo o vice-presidente executivo do Museu do 11 de Setembro, Clifford Chanin, chegou-se a uma "conclusão chocante" de que "toda uma geração à face da Terra não tem memória dos ataques".
Em conferência virtual à imprensa internacional, em que a Lusa participou, dias antes da comemoração, Clifford Chanin sublinhou que nasceram nos Estados Unidos 75 milhões de crianças desde 11 de setembro de 2001, e que não viveram durante um dos períodos mais difíceis para a cidade de Nova Iorque.
Repetidos em todos os aniversários de 11 de Setembro, os simbólicos dois focos de luz, projetados para quase 6,5 quilómetros acima do solo, em representação das duas torres destruídas, vai começar a ser visível ao pôr-do-sol, por volta das 19:10 na hora local (00:10 de domingo na hora de Lisboa).
Quatro aviões comerciais, com centenas de passageiros a bordo, foram sequestrados por um grupo de 19 terroristas, no dia 11 de setembro de 2001, e foram direcionados para Nova Iorque e Washington.
Dois aviões, separados por 18 minutos, colidiram com as duas Torres Gémeas, em Nova Iorque, provocando uma explosão de grandes dimensões e matando 2.753 pessoas.
A sede do Departamento de Defesa dos EUA, conhecida como Pentágono, em Washington também foi alvo de ataque com um avião, num acidente em que morreram, segundo o Museu 9/11, 184 pessoas.
Outras 40 pessoas morreram no acidente do quarto avião, que caiu em Shanksville, no Estado da Pensilvânia.
Contando com os 19 terroristas responsáveis pelos atentados, o total de pessoas vitimadas naquele dia foi de 2.996.
Leia Também: Kamala Harris pede que EUA reforcem as suas alianças globais
