Guiné-Conacri, a antiga colónia francesa onde houve relatos de golpe

A Guiné-Conacri, país onde as forças especiais dizem ter realizado hoje um golpe de Estado, é uma antiga colónia francesa que encetou uma transição para a democracia em 2010 com o atual Presidente Alpha Condé.

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Lusa
05/09/2021 22:15 ‧ 05/09/2021 por Lusa

Mundo

Guiné-Conacri

 

As forças especiais da Guiné-Conacri afirmaram hoje ter capturado o chefe de Estado e "dissolvido" as instituições, num vídeo enviado à agência AFP, enquanto o Ministério da Defesa garante ter repelido a tentativa de golpe.

Por seu lado, o Ministério da Defesa afirmou, em comunicado, que "os insurgentes (tinham) semeado o medo" em Conacri antes de tomarem o palácio presidencial, mas que "a guarda presidencial, apoiada pelas forças de defesa e segurança leais e republicanas, conteve a ameaça e repeliu o grupo de atacantes".

 

Décadas de regimes autoritários

 

Esta ex-colónia francesa é o único país africano de língua francesa que rejeitou, em 1958, a Comunidade Franco-Africana proposta pelo então Presidente de França ,Charles de Gaulle.

O país optou pela independência e estabeleceu um regime liderado com `mão de ferro´ por Ahmed Sékou Touré durante cerca de 25 anos, com diversas organizações de direitos humanos a atribuírem-lhe a responsabilidade pela morte ou desaparecimento de 50 mil pessoas.

A Guiné-Conacri foi governada durante décadas por regimes autoritários e até ditatoriais, seja por Sékou Touré ou pelo seu sucessor Lansana Conté, que se manteve no poder até sua morte em 2008.

Uma junta liderada pelo capitão Moussa Dadis Camara tomou o poder sem derramamento de sangue.

 

Transição para a democracia

 

Em 07 de novembro de 2010, Alpha Condé foi eleito Presidente na primeira eleição democrática, tendo sido reeleito em 2015 para um segundo mandato, após votação marcada por violência e denúncias de fraude.

Condé, atualmente com 83 anos, foi proclamado para o terceiro mandato em 07 de novembro, apesar da contestação do seu principal adversário, Cellou Dalein Diallo, e de três outros candidatos que denunciaram alegadas irregularidades no processo eleitoral.

 

Riqueza natural subexplorada

 

O país é composto em mais de 80% por muçulmanos e inclui vários grupos étnicos, principalmente os Peuls e os Malinkés.

Fazendo fronteira com a Serra Leoa, a Libéria, Costa do Marfim, o Mali, o Senegal e a Guiné-Bissau, contém nos cerca 245.900 quilómetros quadrados recursos naturais significativos.

É um dos maiores produtores mundiais de bauxite, o principal minério para a produção de alumínio e possui também importantes jazidas de ferro, de ouro, de diamantes e de petróleo.

A agricultura continua a ser o principal setor responsável pelo emprego e registou um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 5,6% em 2019 e 5,2% em 2020, de acordo com o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).

Para 2021 e 2022, o BAD espera um aumento robusto do PIB, superior a 5%, suportado pela atividade mineira e também pela entrada em serviço da barragem de Souapiti (nordeste de Conacri).

A economia da Guiné-Conacri é ainda marcada pela corrupção - 137º lugar em 180 países em 2020, de acordo com a organização Transparência Internacional.

Cerca de metade dos 13 milhões de habitantes vive abaixo do limiar da pobreza, segundo a estimativa do Instituto Nacional de Estatística, e muitos habitantes não têm acesso à eletricidade e água encanada, de acordo com o Banco Mundial.

 

Epidemia mortífera de Ébola

 

A epidemia do vírus Ébola considerada mais mortal, que se registou entre 2013-2016, teve início na Guiné-Conacri, matando mais de 11 mil pessoas na África Ocidental, incluindo 2.500 no país.

Leia Também: Embaixador diz que portugueses na Guiné-Conacri estão bem

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