As pilhagens, segundo afirmou Sean Jones em entrevista ao canal de televisão oficial da Etiópia (EBC), ocorreram particularmente na região de Amhara, para onde o conflito armado se espalhou nos últimos meses.
"Nas últimas semanas, alguns dos nossos armazéns foram pilhados e esvaziados pelas tropas da FPLT, especialmente em Amhara", disse Jones.
"Denunciamos os delitos quando temos factos para apoiar as nossas acusações. Neste caso, temos a certeza de ter visto, nas últimas semanas, soldados FPLT a esvaziar alguns dos armazéns", insistiu.
Os representantes da FPLT não responderam no imediato às acusações, segundo a agência de notícias francesa AFP.
O norte da Etiópia tem sido palco de duros combates desde novembro, quando o primeiro-ministro Abiy Ahmed enviou o exército para o Tigray com o objetivo de expulsar os dissidentes da FPLT, que tinham assumido o controlo da região.
Segundo Ahmed, a intervenção militar foi em resposta a ataques a quartéis militares do país orquestrados pela FPLT.
O Prémio Nobel da Paz de 2019 tinha prometido uma vitória rápida, mas o conflito durou até ao final de junho.
As forças pró-FPLT recuperaram entretanto o controlo da maior parte da região, continuando depois a sua ofensiva para as regiões vizinhas de Amhara e Afar.
Os cerca de 10 meses de conflito armado mergulharam a Etiópia numa grave crise humanitária.
Segundo a ONU, cerca de 400 mil pessoas vivem em condições de fome no Tigray e a expansão do conflito para Afar e Amhara já provocou mais de 300 mil deslocados.
As agências humanitárias e as Nações Unidas (OCHA) têm reportado regularmente dificuldades de acesso às populações civis.
As autoridades federais e os rebeldes do Tigray culpam-se mutuamente pelo bloqueio do acesso à região e a fome entre a população.
Em 19 de agosto, a chefe da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), Samantha Power, acusou o Governo etíope de bloquear a entrega de ajuda humanitária, o que foi negado, no dia seguinte, por uma porta-voz de Abiy Ahmed.
Segundo a OCHA, pelo menos 5,2 milhões de pessoas - mais de 90% da população de Tigray - dependem da ajuda externa.
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