Novo alto representante para Bósnia assume cargo entre elogios e rejeição
O novo alto representante internacional para a Bósnia-Herzegovina, Christian Schmidt, assumiu hoje o cargo em Sarajevo, com elogios de uma das duas entidades do país balcânico, em particular dos muçulmanos bósnios, e a rejeição dos sérvios bósnios.
© Hannibal Hanschke/Reuters
Mundo Bósnia-Herzegovina
O ex-ministro alemão, que sucede no cargo ao austríaco Valentin Inzko, recebeu hoje as boas-vindas por parte da presidente do município de Sarajevo, a capital bósnia, Benjamina Karic, com quem manteve uma primeira reunião oficial.
Por sua vez, o líder sérvio bósnio Milorad Dodik, membro da presidência colegial tripartida da Bósnia-Herzegovina, advertiu hoje em conferência de imprensa que não reconhecerá a autoridade de Schmidt.
"Senhor Schmidt, não é bem-vindo aqui. Não foi eleito para o cargo de alto representante e a Republika Sprska [RS, a entidade sérvia da Bósnia] não respeitará as suas decisões", advertiu Dodik de acordo com 'media' locais.
Dodik, também presidente da RS -- uma das duas entidades do país a par da federação croato-muçulmana --, sublinhou que o parlamento da entidade sérvia "conclui que o alto representante é ilegítimo e ilegal e que as suas decisões não serão aplicadas".
A polémica intensificou-se após Vatentin Inzko, na sua última decisão antes de abandonar o cargo, ter decretado a proibição da negação de crimes de guerra, incluindo genocídio, e a glorificação dos acusados por crimes de guerra.
Em resposta, os dirigentes sérvios bósnios decidiram na sexta-feira boicotar e bloquear o funcionamento de todas as instituições do frágil poder central, enquanto Dodik acusava os países ocidentais de terem "desencadeado uma descarada destruição do direito internacional e dos Acordos de Dayton", que puseram termo à guerra civil de três anos e meio na Bósnia-Herzegovina (1992-1995).
Christian Schmidt, 63 anos, antigo ministro da Agricultura da Alemanha pelo partido democrata-cristão bávaro CSU, já assinalou que vai manter a contestada decisão do antecessor e declarou o seu "amor" pelo país balcânico e ex-república jugoslava.
"Quero que termine a fuga do país de jovens educados. E que a diversidade étnica do país, que por vezes se considera um obstáculo, se converta em vantagem. E que o país progrida nas áreas económica, científica e cultural", anunciou Schmidt em recente entrevista a 'media' locais.
O alto representante para a Bósnia-Herzegovina e o Gabinete do Alto representante (OHR na sigla em inglês) foi criado em 1995, logo após a assinatura dos Acordos de Dayton. A sua função consiste em supervisionar a aplicação civil dos Acordos, e até ao momento foram todos designados pela União Europeia, enquanto os seus principais adjuntos são apontados pelos Estados Unidos.
Os poderes deste alto representante têm vindo a ser reforçados, e está mandatado para adotar decisões vinculativas quando os dirigentes locais se mostrem incapazes ou se recusem a atuar, ou destituir os responsáveis locais que na sua perspetiva desrespeitem os Acordos de Dayton.
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