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Noruega assinala massacre de 2011 com mensagem contra a extrema direita

A Noruega assinala hoje os dez anos sobre o massacre levado a cabo por Anders Breivik, fanático de extrema-direita, que matou 77 pessoas em Oslo e na ilha de Utoya. 

Notícias ao Minuto

11:35 - 22/07/21 por Lusa

Mundo Noruega

No dia 22 de julho de 2011, o extremista de direita acionou uma bomba que matou oito pessoas em Oslo tendo-se depois dirigido para a ilha de Utoya onde matou a tiro 69 jovens que participavam num encontro da juventude do Parido Trabalhista (AUF).

Hoje decorrem em todo o país, onde os sinos tocaram pela manhã em uníssono, cerimónias marcadas por mensagens contra o ódio e que pretendem homenagear as vítimas do ato mais violento cometido no país desde o final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

"Não podemos deixar o ódio sem resposta", disse a primeira-ministra, Erna Solberg, na primeira homenagem oficial que decorreu hoje na capital norueguesa. 

Perante familiares das vítimas, Solberg disse que "muito foi feito" nos últimos dez anos em matéria de segurança e na luta contra todas as formas de extremismo.

"Mas, o passo mais importante deve ser 'construído' em cada um de nós, para fortalecermos um baluarte contra a intolerância e os discursos de ódio", disse a primeira-ministra.

Mesmo assim, vários sobreviventes de Utoya referem que uma década após o massacre a Noruega ainda não resolveu "o problema" da extrema-direita.

"O racismo e a extrema-direita ainda estão bem vivos entre nós", acusa Astrid Eide Hoem sobrevivente do massacre da ilha de Utoya, tendo-se depois tornado dirigente do AUF. 

"Eles continuam presentes na internet, continuam sentados nas mesas das salas de jantar" disse Astrid Eide Hoem acrescentando que os extremistas continuam a ser "ouvidos".

"Chegou a altura de afirmarmos de uma vez por todas que não aceitamos o racismo e que não aceitamos o ódio", afirmou.

Jens Stoltenberg, atualmente secretário-geral da NATO, e primeiro-ministro da Noruega na altura do massacre deve discursar hoje na catedral de Oslo.

Vejas as imagens na galeria de algumas homenagens já prestadas esta manhã. 

Anders Breivik foi condenado em 2012 a 21 anos de prisão mas a sentença pode vir a ser prolongada indefinidamente sendo que o autor do massacre pode ficar toda a vida na prisão.

Os atos de Breivik foram imitados ao longo dos últimos dez anos, em vários atentados a nível mundial, nomeadamente no ataque contra a mesquita de Christchurch, na Nova Zelândia, em 2019 e que provocaram a morte a 51 pessoas. 

"As ideias de extrema-direita que inspiraram o ataque (de 2011) ainda são uma força motriz para os extremistas de direita a nível nacional e internacional", indicaram esta semana os serviços de informações da Noruega (PST). 

Na terça-feira passada, dois dias antes da data que assinala o massacre de 2011, um memorial de homenagem à primeira vítima mortal de um ato racista na Noruega após a Segunda Guerra Mundial foi vandalizado.

No monumento em honra de Benjamin Hermansen, assassinado em 2001, foi escrita a frase: "Breivik tinha razão".  

De acordo com um estudo publicado recentemente pelo Centro Nacional sobre stress e violência traumática (NKVTS) um terço dos sobreviventes do massacre de Utoya sofrem ainda de problemas graves: stress pós-traumático, angústia, depressão e dores de cabeça. 

"É evidente que quando somos alvo de coisas destas jamais voltamos a ser a pessoa que éramos antes. Eu durmo mal e tenho medo. Penso que vou ficar assim para sempre", disse à France Press Astrid Eide Hoem. 

Apesar da passagem de uma década, muitos sobreviventes do massacre recebem mensagens e ameaças.

"Eu sei que me tentaram matar por causa das minhas convicções", disse Elin L'Estrange, uma outra sobrevivente do massacre de 2011.

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