Erosão ameaça desalojar dezenas de famílias em Moçambique

Enormes crateras, provocadas pela erosão, em vários bairros de Chimoio, capital de Manica (centro de Moçambique), estão a colocar em risco várias moradias, ameaçando desalojar, por desabamento, dezenas de famílias.

Erosão ameaça desalojar dezenas de famílias no centro de Moçambique

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Lusa
24/02/2014 09:30 ‧ 24/02/2014 por Lusa

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"Mandei desocupar os dois quartos das crianças porque o solo está a ceder rapidamente, devido à pressão das águas do rio Matadouro" disse à Agência Lusa Fátima Simões, desesperada por ver a casa junto de uma imensa cratera no chão.

A erosão destruiu oito campas de um cemitério tradicional no bairro de Mudzingaze, arredores de Chimoio, destapando ossadas humanas num riacho próximo, uma situação que os moradores consideram "imoral", pedindo a rápida correção dos problemas.

"Essa cova começou pequena, mas já chama atenção a sua perigosidade", aponta Cesartino Vasco, descrevendo o desconforto dos moradores de um conjunto de casas ameaçadas por erosão no bairro Josina Machel.

A cidade de Chimoio, localizada num planalto, é rodeada de vários riachos, que cortam os subúrbios, estando a maioria, devido às chuvas intensas, a aumentar o seu leito, provocando crateras à sua passagem.

O Conselho Municipal de Chimoio (CMC) construiu várias pontes provisórias de ligação entre os bairros e reduzir o risco na travessia, com as fortes correntes de águas de chuva. No entanto, a instabilidade dos solos está a colocar em causa essas mesmas construções.

Romão Tendai juntou sacos com arreia e procurou encher a cavidade que aumentou em direção à sua minúscula casa de bloco-burro, tijolos de argila não estabilizados, com duas paredes asseguradas por estacas.

"A terra cedeu muito e, devido à humidade, a cova continua a avançar. Se aumentar na mesma velocidade que há duas semanas, é o fim da minha casa", observa Romão Tendai.

Não existem estatísticas oficiais de famílias afetadas por erosão na cidade de Chimoio.

"Os meus vizinhos foram deslocados para um bairro de reassentamento em 2012, quando começou um trabalho de correção da cratera que está a 'comer' o cemitério. Agora, a situação evoluiu e várias outras pessoas devem deixar a zona devido ao perigo", explicou à Lusa Jóia Gonçalves, morador de Mudzingaze.

A mineração de areia, extraído do leito dos riachos, para alimentar a indústria de construção civil, em franca expansão em Chimoio, está a crescer na mesma proporção com a abertura de mais crateras e o aumento da erosão, indica à Lusa fonte ligada ao sector ambiental.

"As crateras criam-se por falta de reposição da areia extraída dos rios, que vão se deslocando, alargando os leitos até provocar a erosão", explicou à Lusa Natércia Nhabanga, directora provincial de Coordenação da Acção Ambiental de Manica.

Atualmente não existe em Manica um plano para correção de erosão, uma medida que se espera seja enquadrada no programa nacional de ordenamento dos bairros, lançado pelo governo em 2013 para alterar o atual cenário de ocupação desordenada do território.

 

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