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Sudão espera que ONU obrigue Etiópia a parar construção da barragem

O ministro dos Recursos Hídricos do Sudão disse hoje esperar que a sessão extraordinária do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) sirva para a Etiópia "parar as medidas unilaterais" de construção da barragem do Nilo Azul.

Sudão espera que ONU obrigue Etiópia a parar construção da barragem
Notícias ao Minuto

19:58 - 05/07/21 por Lusa

Mundo Nilo

"Pedimos ao Conselho de Segurança que solicite à Etiópia que pare com as medidas unilaterais e fortaleça a metodologia acordada para debater este tema, que está sob os auspícios da União Africana", afirmou Yaser Abás, em conferência de imprensa, citado pela agência Efe.

A Etiópia, continuou, "não forneceu documentos sobre a segurança da barragem, que é uma condição importante" para que um acordo seja possível de alcançar.

O Sudão, a Etiópia e o Egito estão envolvidos num diferendo sobre a construção de uma barragem no rio Nilo, que afeta o curso dos rios nos três países, tendo um impacto significativo na vida das populações adjacentes ao curso do rio, já que a água é um recurso escasso na região.

A aprovação, pelo Conselho de Segurança da ONU, de uma reunião extraordinária "confirma o argumento sobre a ameaça que a barragem representa para a segurança e estabilidade regionais", salientou o governante.

Após o fracasso das últimas rondas negociais, realizadas entre 04 e 06 de abril sob os auspícios da presidência rotativa da União Africana, a Etiópia disse que iria avançar com o processo de enchimento da Grande Barragem do Renascimento Etíope (GERD, em inglês) e que fez uma oferta ao Egito e ao Sudão para facilitar a troca de informações sobre o processo, que ambos os países rejeitaram.

Cairo e Cartum, por sua vez, alertaram Adis Abeba sobre a tomada de qualquer "ação unilateral", afirmando que, nessa eventualidade, "todas as opções estarão abertas".

Os dois Estados consideram que o processo de enchimento da barragem pode afetar gravemente os níveis de água do Nilo nos seus respetivos troços.

A Etiópia, por sua vez, considera que o projeto é estratégico para o seu desenvolvimento, tanto em termos de irrigação, como em termos de produção de eletricidade.

A GERD, avaliada em mais de 4 mil milhões de dólares (mais de 3,5 mil milhões de euros), deverá recolher 13,5 mil milhões de metros cúbicos de água do rio Nilo Azul durante a época chuvosa, aumentando a reserva para 18,4 mil milhões de metros cúbicos, segundo este departamento governamental.

O Nilo Azul, rio que conflui com Nilo Branco e com o rio Atbara, é um dos principais contribuintes do rio Nilo, sendo responsável, durante a estação chuvosa, por até cerca de 80% da água deste último.

Atualmente, a GERD está 80% concluída, esperando-se que atinja a plena capacidade de produção em 2023, o que a tornará na maior central hidroelétrica africana e a sétima maior do mundo, segundo órgãos de comunicação social estatais.

Sudão e Egito temem que a construção do projeto, que vai permitir à Etiópia gerar 6.000 megawatts de eletricidade, coloque o caudal do rio Nilo sob o controlo da administração etíope.

Com cerca de 6.000 quilómetros, o rio Nilo é uma fonte vital para o abastecimento de água e eletricidade para cerca de 10 países da África Oriental.

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