"O mundo não pode continuar a assistir passivamente à China a desmantelar gradualmente a liberdade de imprensa em Hong Kong", lê-se nos editoriais, publicados nas primeiras páginas do Aftenposten (Noruega), Dagens Nyheter (Suécia), Politiken (Dinamarca) e Helsingin Sanomat (Finlândia).
"Esperávamos que as autoridades chinesas respeitassem as garantias de que os direitos democráticos fundamentais seriam defendidos e preservados em Hong Kong. Infelizmente, essa esperança desvaneceu-se nos últimos tempos", lamentaram.
A carta, dirigida à República Popular da China, teve como destinatário Xi Jinping, e menciona em particular o encerramento do jornal Apple Daily, de Hong Kong.
Em junho, o jornal pró-democracia foi forçado a encerrar, depois de os seus bens terem sido congelados, sob a lei de segurança nacional, e alguns dos seus líderes foram presos devido a artigos publicados anteriormente.
A expressão de certas opiniões políticas passou também a ser um crime, punível com prisão perpétua, ao abrigo da nova lei de segurança nacional, que foi imposta por Pequim à região semiautónoma de Hong Kong.
"A última esperança, talvez ingénua, infelizmente morreu depois de o jornal Apple Daily ter de atirar a toalha ao chão, na semana passada, por causa das autoridades, que amordaçam a liberdade de expressão", sublinharam os quatro editores.
"Observamos com crescente preocupação como a nossa profissão - jornalismo livre, independente e crítico - é criminalizada", especificaram, antes de concluírem com um apelo à união "para mostrar que a informação que procuram censurar em Hong Kong surgirá noutro local do mundo".
Os quatro países nórdicos ocupam o topo do ranking da liberdade de imprensa, estabelecido pelos Repórteres Sem Fronteiras.
As relações entre estes países e a China deteriorou-se, também, nos últimos anos.
Em 2010, a atribuição - por um comité independente do poder norueguês - do Prémio Nobel da Paz ao dissidente chinês preso Liu Xiaobo rendeu à Noruega o congelar das relações diplomáticas bilaterais.
As tensões entre a China e a Suécia agravaram-se, também, devido à detenção na China do editor Gui Minhai, chinês naturalizado sueco, e que foi condenado a dez anos de prisão por ter "divulgado ilegalmente informações classificadas no exterior".
A lei de segurança nacional foi imposta pela Assembleia Nacional Popular, o órgão máximo legislativo da China, após a região semiautónoma da China ter sido abalada por protestos pró-democracia, em 2019.
Hong Kong foi devolvido pelo Reino Unido à China em 1997, sob a política 'um país, dois sistemas', que visou garantir autonomia às instituições democráticas da cidade, distinguindo-a da China continental, dominada pelo Partido Comunista.
A lei foi imposta na região sem ser aprovada pelo Conselho Legislativo de Hong Kong, o órgão legislativo da região.
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