Mahmoud Abbas encontrou-se com o chefe dos serviços de informações do Egito, Abbas Kamel, que visitou a região e reuniu-se antes com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

Também hoje, o ministro do Exterior egípcio, Sameh Shukri, destacou num encontro com o seu homólogo israelita, Gabi Ashkenazi, no Cairo, a importância de evitar ações que possam levar a uma nova escalada militar com as milícias de Gaza, especialmente em relação a Jerusalém Este e à mesquita de Al Aqsa.

Abbas recebeu Kamel no palácio presidencial da cidade cisjordana de Ramallah, sede da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), onde "debateram os últimos acontecimentos relacionados com o cessar-fogo" entre Israel e o movimento islâmico Hamas, que no passado 21 de maio pôs fim a 11 dias de forte escalada bélica na região.

Segundo informou a agência de notícias oficial Wafa, ambos abordaram medidas para garantir a trégua e empreender a reconstrução da Faixa de Gaza, com enormes danos materiais depois da recente operação militar do Exército israelita.

Discutiram também o processo de reconciliação para acabar com a divisão entre o partido nacionalista Fatah, de Mahmoud Abbas, - que domina o Governo da ANP na Cisjordânia ocupada - e o Hamas, que controla de facto Gaza desde 2007, quando tomou o poder da Autoridade Nacional Palestiniana.

Durante a recente escalada entre Israel e as milícias de Gaza, o papel de Abbas para acalmar as tensões com o Hamas foi quase nulo e o Egito liderou a mediação para acabar com a onda de violência.

O Egito tem sido tradicionalmente o principal interlocutor entre o Governo israelita e o Hamas, assim como entre as fações palestinianas.

Antes de ir a Ramallah, o chefe da inteligência egípcia reuniu-se em Jerusalém com o primeiro-ministro israelita.

Segundo o gabinete de Benjamin Netanyahu, este exigiu o regresso de dois civis e de dois militares israelitas detidos em Gaza, assunto que o seu Governo colocou em cima da mesa como parte das negociações para a reconstrução do enclave.

A visita de Abbas Kamel na região coincide com a ida de Gabi Ashkenazi ao Cairo, para tratar da trégua com o seu homólogo egípcio.

No encontro com Sameh Shukri, no Cairo, o ministro do Exterior israelita sublinhou "o retorno dos desaparecidos e dos prisioneiros retidos pelo Hamas" e a necessidade de prevenir "o fortalecimento dos elementos extremistas".

Durante o encontro para tratar da consolidação da trégua em Gaza, Shukri expressou a necessidade de "estabilizar o período de calma" e "criar um ambiente propício" para "iniciar negociações sérias e construtivas entre ambas as partes de forma urgente", de acordo com um comunicado do Ministério do Exterior egípcio.

Shukri, cujo país está a mediar e conseguiu a trégua, incidiu na "especial sensibilidade associada a Jerusalém Este, a mesquita de Al Aqsa e todos os lugares sagrados islâmicos e cristãos", refere a nota.

Ambos os ministros analisaram também "formas para facilitar uma urgente reconstrução da Faixa de Gaza durante a seguinte fase".

Ashkenazi publicou uma série de mensagens na sua conta na rede social Twitter, onde referiu que é preciso "atuar para prevenir o fortalecimento dos elementos extremistas que ameaçam a estabilidade regional e assegurar o regresso a casa de pessoas desaparecidas e dos prisioneiros retidos pelo Hamas".