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Decisão de Trump sobre a anexação do Saara Ocidental é hoje "só um tweet"

A decisão do ex-Presidente dos EUA Donald Trump em reconhecer a anexação do Saara Ocidental por Marrocos não alterou nada e hoje apenas resta um 'tweet', disse em entrevista à Lusa Oubi Bouchraya, representante da Frente Polisário na Europa.

Decisão de Trump sobre a anexação do Saara Ocidental é hoje "só um tweet"
Notícias ao Minuto

14:10 - 21/05/21 por Lusa

Mundo Frente Polisário

"Marrocos apostou muito na decisão de Trump, como se fosse a abertura de uma grande avenida que conduzisse o conjunto da comunidade internacional a juntar-se à decisão da administração Trump", assinalou em entrevista telefónica à Lusa Oubi Bouchraya, 51 anos, membro da direção política da Frente Polisário -- que luta pela autodeterminação da antiga colónia espanhola anexada por Marrocos em 1975.

"Hoje, cinco meses após o fim do mandato de Trump, o que resta dessa posição é apenas um 'tweet' que ainda está sob embargo pelo Twitter", frisou numa referência ao "acordo de normalização" Israel-Marrocos anunciado em 10 de dezembro passado e que implicava o reconhecimento pelos EUA da anexação por Rabat do Saara Ocidental, em troca do estabelecimento de relações diplomáticas entre Marrocos e Israel.

"Nenhum país acompanhou essa decisão da administração norte-americana. Pelo contrário, serviu ao povo saarauí e à comunidade internacional para reafirmarem a sua posição tradicional sobre o estatuto jurídico do território, a natureza legal do combate do povo do Saara Ocidental e a necessidade de um acordo no quadro das Nações Unidas", sustentou Oubi Bouchraya, também representante da autoproclamada República Árabe Saarauí Democrática (RASD).

O dirigente saarauí sublinhou que a atual administração dirigida por Joe Biden dos EUA também adotou uma posição similar na mais recente reunião do Conselho de Segurança (CS) da ONU.

"A realidade no Saara Ocidental não foi alterada e a decisão de 10 de dezembro rompe com a posição tradicional dos Estados Unidos face ao confito no Saara Ocidental, é uma proclamação que entra em contradição com dois princípios fundadores da política externa norte-americana, designadamente o direito à autodeterminação e também a recusa da aquisição de territórios pelo uso da força", precisou.

Ainda numa referência à última reunião do CS que abordou esta questão, em abril, recordou que os EUA tentaram desempenhar uma função de "aglutinador no Conselho em torno do conflito no Saara Ocidental", que "aparentemente provocou a ira de Marrocos".

Neste contexto, o dirigente da Polisário frisou que "do ponto de vista político" a posição dos EUA "permanece a mesma" que era conhecida anteriormente, e manifestou a esperança de uma alteração da posição de Washington sobre o "acordo de normalização" entre Marrocos e Israel.

"Ao continuarem a desempenhar a sua função de para-chuvas ao nível do CS, será necessário que os EUA regressem à sua posição anterior ao 10 de dezembro", concretizou.

"Até agora não surgiu a ocasião para que os norte-americanos se pronunciem claramente pelo apoio ou recusa da declaração de Trump, continuamos a aguardar, mas estamos otimistas que os EUA recuperem a credibilidade e o papel que era o seu no CS", vaticinou ainda.

Leia Também: Passividade da ONU "também é responsável" por conflito no Saara Ocidental

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