São milhares e milhares de páginas, muitas delas ainda hoje classificadas ou secretas, que resumiram, ao longo de décadas, acontecimentos em todo o mundo - da guerra do Vietname às guerras no Médio Oriente, da política na União Soviética à revolução portuguesa, na década de 1970, e a que a Lusa teve acesso através do maior arquivo histórico digital dos Estados Unidos, o Digital National Security Archives, em Washington, da PorQuest.
Tem o nome de The President's Daily Briefing (PDB) - Relatório diário para o Presidente - e apenas deveria ser lido pelo próprio - 'For President Only' -- embora o leque de pessoas com acesso a essas páginas, além da CIA, se tenha alargado ao longo dos anos, a alguns vice-presidentes e outros altos funcionários das administrações americanas e da Casa Branca.
O secretismo com o dossiê, de capa cartonada escura, era tal que, durante anos da presidência de Gerald Ford (1974-77), um agente da secreta chegava a ir no carro do Presidente num percurso da sua agenda para o informar do que se passava no mundo, para regressar logo a seguir, mantendo os documentos em segurança.
Logo a seguir, fechava o dossiê, guardava-o numa pasta e entrava num carro da "secreta" de volta ao escritório -- um dia, no meio da azáfama, o agente enganou-se no carro e entrou no de uma cidadã norte-americana que ia atrás da caravana, conta David Priess, ele próprio um ex-'briefer' da CIA e autor do livro The President's Book of Secrets -- O Livro dos Segredos do Presidente.
Sob várias formas, e adaptando-se às necessidades de cada presidente, os PDB subsistem até hoje. Barack Obama, por exemplo, já não lia o relatório em papel, mas sim no seu iPad.
Um relatório idêntico ao PDB também esteve, em janeiro, no centro de uma polémica entre o novo Presidente norte-americano e o seu antecessor: Joe Biden recusou a Donald Trump o acesso às informações classificadas, a que, geralmente, os ex-presidentes têm acesso.
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