Myanmar: EUA apelam a China para influenciar autoridades
Os Estados Unidos apelaram à China, na quarta-feira, para que use a sua influência junto das autoridades do Myanmar (ex-Birmânia) para que estas parem a "violência brutal" que vêm exercendo contra manifestantes pacíficos.
© Reuters
Mundo Myanmar
O apelo foi feito pelo porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, num dia em que perto de 38 manifestantes contra o golpe militar, que depôs a líder Aung San Suu Kyihá um mês, terão morrido em ações de repressão dos protestos, com uso de armas de fogo pelos militares.
"Apelamos a todos os países para falarem a uma só voz condenando a violência brutal do Exército birmanês contra o seu povo", disse Price.
O porta-voz do Departamento de Estado referiu-se em particular à China, para que "use a sua influência" sobre a Junta Militar, "de maneira construtiva".
A China tem bloqueado diversas iniciativas ao nível das Nações Unidas contra a Junta Militar, qualificando de assunto interno o golpe militar na Birmânia.
Os Estados Unidos já apresentaram sanções contra a liderança militar no Myanmar, e, segundo disse hoje Price, novas medidas estão a ser estudadas para que "prestem contas" pelo golpe que ocorreu a 01 de fevereiro.
Também na quarta-feira, a União Europeia (UE) condenou a "repressão violenta contínua de manifestantes pacíficos" no Myanmar, apelando a que haja uma "responsabilização" dos envolvidos e um "regresso à democracia" no país.
"A UE condena a repressão violenta contínua de manifestantes pacíficos pelas forças militares e de segurança birmanesas, que resultou em ainda mais mortes de civis inocentes hoje", lê-se num comunicado da porta-voz do Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE), Nabila Massrali.
Enumerando as ocorrências que constituem "violações claras do direito internacional", e que vão das "detenções de centenas de pessoas" a tiros disparados contra "civis desarmados e trabalhadores de saúde", a porta-voz chama ainda a atenção para a repressão dos meios de comunicação no país, onde se tem testemunhado "um número crescente de jornalistas arbitrariamente presos, detidos e acusados".
Também a emissária da ONU para o Myanmar, Christine Schraner Burgener, apelou hoje à adoção de sanções "duras" contra a liderança militar, o que teria de passar pelo Conselho de Segurança, onde Rússia e China têm direito de veto, enquanto membros permanentes.
As manifestações de repúdio ao golpe militar continuaram em todo o país, apesar da brutal repressão policial, que só no domingo custou a vida a 20 manifestantes, a maioria deles devido a tiros disparados pela polícia.
O número de manifestantes mortos hoje subiu para pelo menos 38, segundo a AP.
Além de balas, as autoridades birmanesas reprimiram os protestos com gás lacrimogéneo, projéteis de borracha e granadas de choque.
Os manifestantes exigem que o exército, que governou o país com mão de ferro entre 1962 e 2011, restaure a democracia, reconheça os resultados das eleições de novembro e pedem a libertação de todos os detidos pelos militares, incluindo a líder de facto Aung San Suu Kyi.
O exército birmanês justificou a tomada do poder, a 01 de fevereiro, por uma alegada fraude eleitoral nas eleições de novembro, onde os observadores internacionais não detetaram qualquer fraude e em que a Liga Nacional pela Democracia, partido liderado por Suu Kyi, foi o vencedor, assim como já tinha ocorrido em 2015.
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