Essa manifestação, liderada por este partido de inspiração islâmica, uma das mais importantes dos últimos anos, ocorre num momento em que a crise social acentuada pela pandemia do coronavírus é acompanhada pelas crescentes dificuldades orçamentais.
Várias empresas públicas estão com dificuldades cumprir o pagamento dos salários ao ponto de haver uma grande preocupação internacional com o aumento da dívida pública na Tunísia.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou hoje, em comunicado, para urgência na implementação de reformas para reduzir o défice.
Entre as propostas está a redução da massa salarial e dos subsídios à energia, caso contrário a dívida pública poderá tornar-se insustentável, o que obrigaria à implementação de um programa sólido de reformas.
No final de janeiro, o presidente tunisino Kais Saïd rejeitou a proposta de remodelação apresentada pelo Ennahdha para assegurar ao governo o apoio da sua coligação parlamentar.
Os dois lados desta crise política centram-se na interpretação da Constituição e nas prerrogativas de cada um neste sistema semiparlamentar.
Na ausência de um Tribunal Constitucional, o conflito tem-se arrastado e paralisou o governo por seis semanas.
Durante a manifestação, o líder do Ennahdha, Rached Ghannouchi, apelou ao diálogo entre "todas as forças políticas".
Este partido, que tem dominado o panorama político desde 2011 na Tunísia, tem perdido representação parlamentar mas com este braço de ferro poder fazer cair o governo liderado por Hichem Mechichi, que chegou ao poder há seis meses.
As divisões políticas têm impedido a implementação de reformas estruturantes, desde a revolução de 2011, e têm-se intensificado desde 2019.
Esta divisão levou a agência de 'rating' Moodys a baixar a classificação da dívida soberana da Tunísia nesta semana, de 'B2' para 'B3', dificultando assim o acesso a empréstimos enquanto o país não concluir o orçamento de 2021.
Leia Também: Human Rights denuncia repressão violenta e detenções de comunidade LGBTQ+