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Filha de herói do 'Hotel Ruanda' pede ajuda a Bélgica para repatriar pai

A filha de Paul Rusesabagina, conhecido como o herói do filme 'Hotel Ruanda', julgado em Kigali por terrorismo, pediu hoje a intervenção da Bélgica para libertar e repatriar o seu pai, que tem nacionalidade belga.

Filha de herói do 'Hotel Ruanda' pede ajuda a Bélgica para repatriar pai
Notícias ao Minuto

18:13 - 19/02/21 por Lusa

Mundo Hotel Ruanda

Antigo diretor do hotel 'Mille Collines' em Kigali, Paul Rusesabagina, 66 anos, foi retratado no filme de 2004, que conta como salvou mais de 1.000 pessoas durante o genocídio ruandês.

De etnia hutu, tornou-se nos últimos anos um crítico do regime do Presidente do Ruanda, Paul Kagame.

Vivendo no exílio desde 1996 nos Estados Unidos e na Bélgica, país do qual se tornou nacional, foi detido em finais de agosto, no Ruanda, em circunstâncias estranhas, uma vez que estava a sair de um avião que pensava ter como destino o Burundi.

Os seus advogados denunciaram a detenção como sendo "um rapto".

"A assistência consular belga não é eficaz, é-lhe negado o acesso aos seus advogados, é-lhe negada medicação e está trancado numa sala sem janelas", disse a filha, Carine Kanimba, em conferência de imprensa.

Carine Kanimba acredita que o pai não terá um "julgamento justo", adiantando que "arrisca não só a prisão perpétua, mas também a morte".

"Dirijo-me às autoridades belgas, ao primeiro-ministro Alexander De Croo, porque está em posição de poder libertar o meu pai e negociar" com Kigali, disse Kanimba.

Paul Rusesabagina, cujo julgamento começou na quarta-feira, enfrenta 13 acusações, incluindo terrorismo, homicídio e financiamento de rebelião, pelo seu alegado apoio à Frente de Libertação Nacional (FLN), um grupo rebelde acusado de ataques mortais no Ruanda.

Rusesabagina contesta o direito do tribunal de o julgar com base na sua nacionalidade belga. Os seus familiares dizem estar "muito preocupados" com a sua saúde, uma vez que, segundo afirmam, os medicamentos enviados através da mala diplomática belga nunca lhe foram entregues.

Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros belga, Paul Rusesabagina "recebeu assistência consular completa" e quatro visitas de pessoal diplomático para "monitorizar o seu estado de saúde".

Bruxelas recorda que se ofereceu para pôr em contacto médicos ruandeses e belgas para que ele possa receber os cuidados adequados.

Os ministros belgas da Justiça e dos Negócios Estrangeiros exigiram "um julgamento justo, equitativo e transparente" e o direito do acusado "a preparar a sua defesa nas melhores condições", durante conversações com os seus homólogos ruandeses, disse fonte da diplomacia belga, citada pela agência France Presse.

O advogado da família, Vincent Lurquin, criticou o governo belga, denunciando, na mesma conferência de imprensa, "um silêncio que corre o risco de se tornar cúmplice".

"O exemplo que o governo belga dá é que se um cidadão belga for raptado por um governo ditatorial, a Bélgica não se moverá", acrescentou Kanimba.

Lurquin disse ter apresentado uma queixa nos Estados Unidos e na Bélgica, acreditando que o sistema judicial da Bélgica é competente para investigar o rapto de um cidadão belga.

Segundo disse, Bruxelas "pode pedir ao governo ruandês que transfira" Paul Rusesabagina para a Bélgica, onde já foi aberta uma investigação contra ele a pedido de Kigali.

Bruxelas confirmou que tinha sido apresentada uma queixa e aberto um inquérito na Bélgica, mas salientou que "não dispõe de informações precisas" sobre as circunstâncias da detenção do Rusesabagina.

Leia Também: Homem que inspirou 'Hotel Ruanda' começou e a ser julgado por terrorismo

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