Nguesso enfrenta sete candidatos nas presidenciais no Congo-Brazzaville

O Presidente do Congo-Brazzaville, Denis Sassou Nguesso, com 76 anos e 37 acumulados na liderança do país, enfrentará sete candidatos nas eleições presidenciais, marcadas para 21 de março, anunciou hoje o Ministério do Interior congolês.

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Lusa
09/02/2021 20:05 ‧ 09/02/2021 por Lusa

Mundo

Congo-Brazzaville

 

"Há oito candidatos no total. Os nomes serão enviados ao Tribunal Constitucional para validação", revelou Séraphin Ondélé, chefe de gabinete do Ministério do Interior, à agência France-Presse.

Sassou Nguesso, que será o mais velho dos candidatos na contenda eleitoral, já levava 13 anos no poder quando perdeu as primeiras eleições pluralistas do país em 1992, ganhas por Pascal Lissouba, a quem expulsou no final de uma guerra civil sangrenta em 1997, graças ao apoio das tropas angolanas. Concorre nestas eleições a um quarto mandato consecutivo.

Sassou Nguesso irá enfrentar, entre outros, Mathias Dzon, 73 anos, ex-ministro das Finanças (1997-2002) e Guy-Brice Parfait Kolélas, 60 anos, que conquistou o segundo lugar nas presidenciais de 2016.

Os candidatos tinham que entregar na Direção-Geral dos Assuntos Eleitorais (DGAE) do país as respetivas candidaturas válidas até ao passado dia 07, mas só hoje foi anunciado o número de processos entrados, que ainda terão que receber a validação do Tribunal Constitucional.

General reformado do Exército, Sassou Nguesso liderou o país pela primeira vez entre 1979 e 1992, sob o regime de partido único. Tem ganho todas as eleições, com resultados contestados, desde 2002.

Dois dos seus opositores de 2016 - Jean-Marie Michel Moko, ex-chefe de Estado-Maior das Forças Armadas congolesas e ex-conselheiro de Nguesso em assuntos de segurança, e André Okombi Salissa, várias vezes ministro entre 1997 e 2012, antes de passar para a oposição -, foram detidos, julgados e condenados em 2018, o primeiro, e 2019, o segundo, a 20 anos de trabalhos forçados por "comprometerem a segurança interna do Estado".

A Igreja Católica congolesa expressou recentemente a "preocupação" com a transparência das eleições presidenciais de 21 de Março, manifestando "sérias reservas de que uma eleição presidencial pacífica, participativa, transparente, livre e credível possa ser organizada nas condições atuais", nos termos da Conferência Episcopal do Congo, numa declaração lida pelo seu porta-voz, bispo Victor Abagna Mossa, em 02 de fevereiro.

"Como será, de facto, possível conciliar todas as medidas restritivas à circulação e as reuniões de massas, necessárias a um campanha eleitoral livre? A lei eleitoral exige que a contagem dos votos depositados nas urnas seja pública, como pretendemos cumprir este requisito de transparência, com a manutenção de um recolher obrigatório às 20 horas?", questionaram os bispos.

No final de janeiro, a União Pan-Africana para a Social Democracia (UPADS), o partido da oposição com maior representação no parlamento do país, anunciou que não apresentaria candidato próprio nem apoiaria qualquer outro às presidenciais.

"A UPADS não participará nas eleições de 21 de março de 2021. Esta decisão baseia-se na falta de preparação das eleições pelo Governo, que em cinco anos não foi capaz de melhorar substancialmente o nosso sistema eleitoral por forma a garantir a credibilidade e sinceridade dos resultados", anunciou na altura o primeiro secretário do partido, Pascal Tsaty-Mabiala, ele próprio candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2016.

Para além da UPADS, também a Convenção dos Partidos Republicanos (COPAR), que reúne formações que se afirmam como "oposição moderada", não apresentou um candidato a estas eleições.

Em 2020, o Congo-Brazzaville ficou em 118.º lugar no índice de liberdade de imprensa dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF), num total de 180 países.

Desde 2014, o país tem vindo a atravessar uma crise socioeconómica aguda, marcada pela queda dos preços do petróleo, que representa mais de 70% das suas receitas orçamentais.

A generalidade dos reformados no país (do setor público como privado) acumula vários meses de atraso no pagamento das respetivas pensões, à semelhança dos estudantes beneficiários de bolsas de estudo.

A crise socioeconómica é agravada pela crise sanitária associada ao novo coronavírus, que obrigou o país a fechar todas as fronteiras terrestres, fluviais e marítimas. A doença matou até agora, oficialmente, 120 pessoas.

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