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Bobi Wine apela ao apoio da comunidade internacional aos ugandeses

O opositor ugandês Bobi Wine apelou hoje à comunidade internacional para apoiar as preocupações dos ugandeses com os resultados eleitorais no país através de "ações fortes" contra o governo do Presidente Yoweri Museveni.

Bobi Wine apela ao apoio da comunidade internacional aos ugandeses
Notícias ao Minuto

19:54 - 04/02/21 por Lusa

Mundo Uganda

Bobi Wine, que contesta ter pedido as eleições presidenciais de janeiro, para o líder de longa data Yoweri Museveni, disse que espera "que o mundo se mantenha com o povo do Uganda".

"O general Museveni, como todos os ditadores, não se comove com palavras", afirmou Wine, cantor e deputado de 38 anos, cujo verdadeiro nome é Kyagulanyi Ssentamu.

O ex-candidato falou através de ligação vídeo da sua casa, na periferia da capital ugandesa, Kampala, onde disse que continua efetivamente em prisão domiciliária.

"Esperamos que haja mais ação na sequência das declarações fortemente formuladas", sublinhou Wine, sobre a condenação internacional das eleições.

Museveni é um aliado dos Estados Unidos da América (EUA), que tomou o poder pela força em 1986 e que foi eleito várias vezes. Tem colaborado com Washington para combater os extremistas islâmicos na Somália, país para o qual o Uganda foi o primeiro a mandar tropas para defender o frágil governo federal.

Mas os laços de Museveni com o Ocidente parecem arrefecer à medida que crescem as críticas sobre alegados abusos por parte das suas forças de segurança, bem como sobre a sua prolongada permanência no poder.

Museveni acusa agora Wine de ser um agente estrangeiro, e afirmou que a ingerência estrangeira no Uganda "não será tolerada".

Esta semana foi tornado público que, em janeiro, ordenou a suspensão de um fundo multimilionário, apoiado pelas nações europeias que apoia o trabalho de dezenas de grupos locais - incluindo agências governamentais - centrando-se na boa governação, direitos humanos e responsabilidade.

Os EUA e a União Europeia tomaram nota das preocupações sobre as eleições no Uganda.

A embaixadora dos EUA, Natalie E. Brown, manifestou recentemente "a profunda e contínua preocupação com a detenção extrajudicial de membros de partidos políticos da oposição, com o alegado desaparecimento de vários apoiantes da oposição, e as contínuas restrições" do partido de Wine.

Os advogados ugandeses de Wine apresentaram esta semana um requerimento ao Supremo Tribunal do Uganda, procurando anular a vitória de Museveni e impedi-lo de voltar a candidatar-se à presidência. Mas ainda não está claro quando começarão os argumentos orais.

Museveni nunca perdeu nos tribunais, e os analistas preveem que o painel de nove juízes não irá provavelmente decidir contra o Presidente reeleito.

O advogado dos EUA de Wine, Bruce Afran, disse hoje que tinha compilado um relatório com provas das irregularidades generalizadas que Bobi Wine alegou terem sido cometidas a favor de Museveni. O relatório foi partilhado com membros da comunidade internacional, afirmou.

Uma das provas da alegada fraude eleitoral, frisou, são as vitórias de Museveni por 100% em várias mesas de voto nos seus bastiões.

Aquele líder da oposição disse que a sua equipa jurídica possui provas de 20.000 das 34.000 mesas de voto do país da África Oriental. Provas de que pelo menos 10.000 outras foram confiscadas por agentes de segurança que efetuaram rusgas noturnas ou assaltos a agentes da oposição, sublinhou.

O seu partido referiu que 3.000 dos seus membros estão detidos, e que houve soldados, alegadamente, a encher urnas, a lançar boletins de voto para as pessoas e a expulsar os eleitores das assembleias de voto.

Museveni venceu as eleições de 14 de janeiro com 58% dos votos, enquanto Bobi Wine obteve 35%, de acordo com os resultados oficiais.

As eleições do Uganda foram marcadas pela violência antes do dia da votação, bem como pelo encerramento da Internet, que permaneceu em vigor até quatro dias após a votação. Os 'sites' de meios de comunicação social continuam com restrições.

Museveni rejeitou as alegações de fraude eleitoral, afirmando que esta eleição foi "a mais isenta de fraude" desde a independência do país da Grã-Bretanha, em 1962.

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