A Autoridade Judicial havia anunciado em julho a suspensão do veredicto contra os três réus, após a confirmação da condenação pelo Supremo Tribunal alguns dias depois ter provocado uma onda de indignação no Irão e no mundo.
"O pedido de um novo julgamento para os três condenados à morte pelos incidentes (de novembro de 2019) foi aceite", indica um comunicado que o Supremo Tribunal publicou na página de internet.
"O caso será novamente julgado por outro tribunal", de acordo com o texto, sem mais detalhes.
Babak Paknia, um dos advogados de defesa, revelou na rede social Twitter ter sido notificado desta decisão.
Em julho, Paknia disse à agência francesa AFP que os acusados eram três amigos: Amirhossein Moradi, 26 anos, vendedor de telemóveis, Saïd Tamdjidi, 28 ans, motorista de uma empresa de transporte da Snapp (equivalente iraniana da Uber), e Mohammad Radjabi, 26 ans, desempregado.
Os três foram condenados à morte por "conluio com vista a por em perigo a segurança interna" e "incêndio e destruição de bens públicos com a intenção de prejudicar o sistema político da República Islâmica", acrescentou.
Entre 15 e 18 de novembro de 2019, cerca de cem cidades do irão viveram um movimento de contestação -- violentamente reprimido -- contra o anúncio súbito de um forte aumento do preço dos bens essenciais, em plena crise económica.
Durante esses acontecimentos, que o Governo classificou como "tumultos" orquestrados por "inimigos" estrangeiros, foram atacados postos de polícia, pilhadas lojas e incendiados bancos e estações de serviço.
As autoridades impuseram um corte de internet durante uma semana.
Depois de se terem recusado durante meses a fornecer um balanço de vítimas da violência, as autoridades iranianas acabaram por declarar que foram mortas 230 pessoas.
Denunciando o uso "ilegal" e desproporcionado da força pelo poder, a organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional estimou em 304 o número de contestatários mortos, entre os quais 23 menores.
Um grupo de peritos independentes ao serviço da ONU considerou que o balanço de vítimas poderia ser superior a 400 mortos.
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