Tensão entre Trump e Procurador aumentou desde que este negou fraude

A tensão entre o Presidente dos EUA e o Procurador-Geral do país cresceu hoje e existem rumores de que Trump poderá despedir aquele membro da sua equipa, que admitiu não ter detetado provas de fraude eleitoral.

App usada por staff de Trump monitorizava comportamentos de utilizadores

© Reuters

Lusa
03/12/2020 23:56 ‧ 03/12/2020 por Lusa

Mundo

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Donald Trump expressou abertamente a sua frustração relativamente a William Barr, em declarações à imprensa na Casa Branca, dois dias após o chefe da Justiça ter negado a versão de que houve fraude nas eleições presidenciais, que decorreram em novembro nos EUA e que deram a vitória ao Presidente eleito, Joe Biden.

William Barr e o Departamento de Justiça "deveriam estar a investigar toda esta fraude ... e não procuraram muito, o que é uma desilusão, para ser honesto", afirmou Donald Trump.

Quando questionado se ainda tinha confiança em Barr, o Presidente cessante norte-americano simplesmente respondeu: "Pergunte-me isso novamente dentro de algumas semanas".

Donald Trump reagiu aos comentários feitos pelo Procurador-Geral numa entrevista, na terça-feira, na qual afirmou que, até agora, o seu departamento "não viu fraudes de tal magnitude que pudessem ter levado a um resultado eleitoral diferente", nos casos que examinou.

Estas declarações enfureceram Trump, que depois disso teve uma reunião tensa com o Procurador-Geral na Casa Branca, revelou hoje a cadeia de televisão norte-americana CNN.

O Presidente cessante continua empenhado em provar a fraude, apesar de todos os Estados-chave já terem certificado os resultados e a vitória de Joe Biden ser clara, pelo que o 'jarro de água fria' de Barr não foi bem acolhido.

Vários conselheiros de Donald Trump aconselham-no a não despedir o Procurador-Geral, mas o Presidente não excluiu essa hipótese, de acordo com o jornal The Washington Post e a NBC News.

Trump tem despedido frequentemente membros do seu Gabinete, quando percebe que a sua lealdade pode ter diminuído, mas demitir o seu Procurador-Geral seria especialmente controverso.

Historicamente, o Departamento de Justiça tem funcionado independentemente das orientações políticas da Casa Branca, pelo que os Presidentes não devem influenciar as suas investigações.

O Procurador-Geral, que lidera o departamento desde fevereiro de 2019, tem sido especialmente leal a Trump e não se importou de esbater a linha entre o seu papel supostamente independente e as prioridades do Presidente.

O seu distanciamento de Donald Trump neste caso demonstra a impossibilidade de defender, com a lei em mãos, a insistência do Presidente de que as eleições foram roubadas, uma reivindicação que já foi rejeitada por dezenas de tribunais e sobre a qual nunca foram apresentadas provas convincentes.

A relação entre Trump e Barr já estava alegadamente fria antes dos comentários deste último na terça-feira. Segundo o The Washington Post, o presidente não falava com o Procurador há meses e estava chateado com o que considerava ser falta de progresso numa investigação sobre a conduta do FBI nas eleições de 2016.

O Presidente não aperta a mão quando se trata de despedir membros do seu gabinete, mas tem sido um pouco mais cauteloso no caso do Departamento de Justiça: levou um ano e meio para expulsar o antecessor do Barr, Jeff Sessions, desde que começou a desconfiar dele.

E mesmo que despeça Barr, será pouco provável que Trump seja capaz de colocar - e confirmar no Senado - um sucessor que obedeça às suas diretivas sobre fraude eleitoral nas escassas oito semanas que lhe restam no cargo.

Trump tem estado constantemente a sofrer reveses na sua campanha para inverter o resultado eleitoral.

Hoje, o Supremo Tribunal de Wisconsin arquivou uma ação judicial da sua equipa para anular a certificação dos resultados eleitorais naquele Estado-chave, onde Biden ganhou.

Mas isso não impediu Trump de insistir, nas suas declarações à imprensa na Casa Branca, que a eleição foi "manipulada" e que este alegado esquema deveria ser examinado através de canais "criminosos".

Entretanto, Biden continuou a formar a equipa que o acompanhará à Casa Branca em janeiro, e anunciou que o seu principal conselheiro económico será Brian Deese, que desempenhou um papel importante na negociação do Acordo de Paris, sob a Administração Obama (2009-2017).

No entanto, Deese também tem sido criticado por grupos ambientais, por trabalhar nos últimos anos como diretor de sustentabilidade do fundo de investimento americano BlackRock, que possui ativos significativos em Espanha e no México.

A Vice-Presidente eleita Kamala Harris anunciou que a sua chefe de gabinete será Tina Flournoy, que até agora tem sido conselheira do antigo Presidente Bill Clinton (1993-2001), enquanto Rohini Kosoglu a aconselhará sobre questões internas dos EUA e a diplomata Nancy McEldowney sobre segurança nacional.

 

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