Meteorologia

  • 28 MARçO 2024
Tempo
16º
MIN 11º MÁX 18º

Aumento da desflorestação da amazónia "poderia ter sido pior ainda"

O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, considerou hoje que o aumento de 9,5% da área desflorestada na amazónia, entre agosto de 2019 e julho de 2020, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) na véspera, poderia ter sido ainda pior.

Aumento da desflorestação da amazónia "poderia ter sido pior ainda"
Notícias ao Minuto

16:23 - 01/12/20 por Lusa

Mundo Amazónia

"Vamos dizer o seguinte, [o resultado] foi menos mau. Essa é a realidade. Podia ser pior ainda (...) A expectativa que nós tínhamos - inclusive já tinha até sido publicada -, é que ia dar 20% acima do ano passado, então, deu 9,5%", disse Mourão aos jornalistas, ao chegar ao Palácio do Planalto, sede do Governo brasileiro.

Mourão é presidente do Conselho da Amazónia, órgão criado pelo Governo brasileiro para coordenar as ações de proteção na floresta tropical do mundo.

Em números absolutos, a área desflorestada na amazónia chegou a 11.088 quilómetros quadrados no último ano, segundo dados divulgados na segunda-feira pelo INPE, órgão vinculado ao Governo central do Brasil que usa satélites para monitorizar os biomas do país.

Os dados mostraram que o estado do Pará concentra quase metade de todos os registos de desflorestação na região amazónica dentro do território brasileiro.

O número equivale a cerca de nove vezes a superfície da cidade do Rio de Janeiro e supera o número registado entre agosto de 2018 e julho de 2019, quando a desflorestação atingiu 10.129 quilómetros quadrados da floresta.

Organizações ambientais já haviam alertado para o aumento da extração ilegal de madeira na Amazónia, problema que atribuem em parte à retórica 'anti-ecológica' do chefe de Estado do Brasil, Jair Bolsonaro.

A desflorestação também está diretamente relacionada com queimadas e incêndios florestais.

Segundo o INPE, foram registados 99.677 focos de incêndio na amazónia brasileira entre 01 de janeiro e 30 de novembro, número 16% superior aos 89.176 focos contabilizados em todo o ano de 2019, quando as imagens do fogo avançando pela floresta geraram várias críticas e protestos ao redor do mundo.

A situação em 2020 foi ainda agravada por uma seca severa em algumas regiões do Brasil, que favoreceu a propagação das chamas em áreas já desflorestadas.

De acordo com diversos relatos de organizações não-governamentais (ONG), a desflorestação e as posteriores queimadas nessas áreas fazem parte de um processo cujo objetivo final é o uso das terras para a agropecuária.

Após a divulgação dos dados oficiais do INPE, a ONG Greenpeace teceu duras críticas ao Executivo brasileiro.

"A resposta do Governo Federal face o aumento da desflorestação tem sido maquiar a realidade, militarizar cada vez mais a proteção ambiental e trabalhar para coibir a atuação da sociedade civil, ferindo a nossa democracia", afirmou a porta-voz de Amazónia da Greenpeace, Cristiane Mazzetti.

Já a entidade ambiental Observatório do Clima declarou que a alta não surpreendeu "quem acompanha o desmantelamento das políticas ambientais no Brasil desde janeiro de 2019. Os números simplesmente mostram que o plano de Jair Bolsonaro deu certo".

O aumento da destruição da Amazónia tem levado alguns países europeus a ameaçarem não ratificar o acordo de livre comércio assinado no ano passado entre a União Europeia (UE) e o Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai).

Esse crescimento também provocou reação de fundos internacionais milionários e de grandes empresas privadas, que alertaram o Governo brasileiro para uma queda drástica nos investimentos no país se não houver um compromisso real com a proteção do meio ambiente.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta, com cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).

Recomendados para si

;
Campo obrigatório