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Brasil: Não houve nenhum ataque cibernético bem-sucedido nas autárquicas

O presidente do Superior Tribunal Eleitoral (TSE) do Brasil disse no domingo que não houve nenhum ataque cibernético bem-sucedido contra o sistema eleitoral do país, alvo de tentativas de invasão promovidas por 'hackers' nas autárquicas.

Brasil: Não houve nenhum ataque cibernético bem-sucedido nas autárquicas
Notícias ao Minuto

06:20 - 30/11/20 por Lusa

Mundo TSE

"Relativamente à segunda volta [das eleições municipais] a observação importante é que não houve nenhum ataque [cibernético] bem-sucedido, como não houvera, aliás, na primeira volta", afirmou Luis Roberto Barroso após o fim do apuramento dos votos durante uma conferência de imprensa, na sede do TSE.

"[Não houve] nenhum ataque bem-sucedido ao sistema eleitoral e mesmo nenhum ataque bem-sucedido ao sistema do Tribunal Eleitoral", acrescentou.

No domingo, o Brasil realizou a segunda volta das eleições municipais em 57 cidades com mais de 200 mil eleitores, incluindo capitais regionais importantes como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre.

Segundo Barroso, as eleições levaram às urnas mais de 26 milhões brasileiros de um total de mais de 38 milhões aptos a votar, numa eleição que terminou sem incidentes graves.

O presidente do TSE lembrou, porém, que na primeira volta das municipais, disputada em 15 de novembro, aconteceram problemas no sistema informático do tribunal, que também foi alvo de ataques cibernéticos.

"Na primeira volta comprovadamente nós sofremos diversos ataques. Na verdade, um ataque com um vazamento de informações irrelevantes sobre funcionários do TSE e uma tentativa de derrube do sistema com mais de 436 mil acessos por segundo, que é um esforço que se chama ataque de negação de serviço", afirmou Barroso.

Os ataques cibernéticos deram origem a uma investigação da polícia brasileira em parceria com a polícia portuguesa em razão da alegada participação do 'hacker' português Zambrius na divulgação de informações do TSE. O pirata cibernético assumiu o ataque em entrevista aos 'media' brasileiros e foi detido no sábado em Portugal.

"A Polícia Federal em extraordinária demonstração de eficiência, em menos de uma semana, chegou aos autores do ataque, pelo menos o do vazamento [dos dados dos funcionários do TSE, atribuído ao hacker português Zambrius] com a suspeita de que exista conexão entre eles", disse Barroso.

"Inclusive um deles fora do Brasil, com comparsas dentro do Brasil. Ontem a polícia fez uma importante operação para coibir este tipo de comportamento, coordenada com as autoridades portuguesas, a Operação Exploit", acrescentou.

O diretor-geral da Polícia Federal do Brasil, o delegado Rolando Alexandre de Souza, presente na conferência de imprensa do TSE, frisou que não podia dar detalhes sobre estas investigações, mas disse que a polícia está concentrada em provas recolhidas no sábado e nas atividades do 'hacker' português.

"Temos hoje uma investigação em relação ao ataque do denominado 'hacker' Zambrius. A investigação foi focada neste ataque e graças a uma cooperação, foi uma operação bem-sucedida. A chave do negócio foi a rapidez na identificação não só do Zambrius como dos 'hackers' brasileiros que o auxiliaram neste ataque, que dependeu muito de um trabalho entre a área de informática do TSE e a polícia portuguesa (...) Agora estamos em função de todo material que foi colhido nas buscas, aprofundado as investigações. A investigação é focada na questão do Zambrius, nada mais", afirmou o delegado e chefe da Polícia Federal.

Além de falar sobre as tentativas de ataque cibernético sofridas pelo tribunal eleitoral brasileiro, Barroso também informou que o índice abstenção na segunda volta das eleições foi pouco superior a 29%.

"É um número maior do que o que nós desejaríamos, mas é preciso ter em conta que nós realizamos as eleições no meio de uma pandemia [de covid-19], que já consumiu mais de 170 mil vidas e que muitas pessoas deixaram de votar", avaliou.

O presidente do TSE considerou que as medidas sanitárias implantadas para a realização da votação em razão da crise sanitária causada pelo novo coronavirus e as medidas de combate ao uso notícias falsas foram positivas e deram mais segurança.

Questionado por jornalistas sobre declarações do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que defendeu que o país volte a adotar um sistema de voto impresso - o Brasil utiliza um sistema de votação em urnas eletrónicas desde 1996 -, Barroso afirmou que o Supremo Tribunal Federal (STF) do país já analisou o tema e considerou que tal que ele fere a Constituição do país.

"O Presidente da República merece todo o respeito institucional e tem direito a manifestar sua opinião. Portanto, respeito a compreensão dele. A verdade, porém, é que, objetivamente, o STF já decidiu pela inconstitucionalidade do voto impresso", frisou Barroso.

O presidente do TSE também considerou que adotar novamente o voto impresso traria um "grande tumulto" ao processo eleitoral brasileiro.

"Jamais se comprovou qualquer aspeto fraudulento no sistema. Até porque, como acabo de descrever [o sistema de voto em urnas eletrónicas] mostrou-se imune à fraude, e vale este sistema desde 1996", concluiu.

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