"Formámos a FLN (Frente Nacional de Libertação) como uma ala armada, não como um grupo terrorista, como a acusação continua a afirmar. Não nego que a FLN tenha cometido crimes, mas o meu papel foi a diplomacia", disse Rusesabagina ao tribunal, citado pelo jornal "The Daily Telegraph".
O antigo agente tinha sido detido no mês passado no Dubai sob acusações de terrorismo, antes de ser extraditado para o Ruanda.
A juíza Dorothy Yankurije, do Tribunal de Kicukiro, em Kigali, ordenou recentemente que Paul Rusesabagina fosse detido provisoriamente durante vários dias para "assegurar que não sabotava as investigações em curso".
Dada a gravidade do caso, Dorothy Yankurije salientou que "existem motivos razoáveis para o manter sob custódia", em prisão preventiva.
O acusado tinha pedido fiança por estar doente e prometeu não fugir, embora o juiz tenha assegurado que a prisão não o impedia de receber tratamento médico.
Paul Rusesabagina, 66 anos, é um forte crítico do Presidente ruandês, Paul Kagamé.
O Ministério Público acusa-o, entre outros, de ter dado dinheiro às milícias das Forças de Libertação Nacional (FLN), a ala armada do Movimento Ruandês para a Mudança Democrática (MRCD), o partido que lidera.
A FLN tem sido responsável por ataques no Ruanda desde 2018.
No filme "Hotel Ruanda", Paulo Rusesabagina é apresentado como um hutu casado com uma mulher tutsi que salvou mais de 1.200 pessoas em 1994 no Hotel des Mille Collines, em Kigali, do qual foi o diretor, usando a sua influência junto das milícias hutu.
Cerca de 8.000 tutsis e hutus moderados foram mortos diariamente entre abril e junho de 1994 no Ruanda por membros da etnia hutu.