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Após indulto, Vasco da Costa vai continuar a fazer política nacionalista

Surpreendido com a decisão do Presidente Nicolás Maduro de conceder-lhe um indulto, o politólogo luso-venezuelano Vasco da Costa, disse hoje que o Governo venezuelano "está débil, mas tem o poder" e que continuará a fazer política contra o regime.

Após indulto, Vasco da Costa vai continuar a fazer política nacionalista
Notícias ao Minuto

22:48 - 02/09/20 por Lusa

Mundo Venezuela

"Não esperava nem sabia deste indulto. Eu observava que o Governo estava muito débil, pela rotura dentro da esquerda, por alguma fricção com o mundo militar. Imaginava que precisava fazer negociações com fatores políticos para ir a eleições, mas eu não vou a eleições", disse.

Vasco da Costa falava à Agência Lusa, na sua casa em El Paraíso (oeste de Caracas), acompanhado pelos irmãos e por outro indultado político, Regúlo José García Castro.

Explicou: "Estava deitado no meu catre, na escuridão da cela, nas masmorras do cárcere de Ramo Verde, quando ouvi o meu nome".

O politólogo diz que continuará "a fazer o que sempre fez, política" e que a crise venezuelana "é muito complicada devido à rutura do contrato social com a grande maioria do país que não aceita nem a revolução bolivariana nem o socialismo do século XXI e muito menos Nicolás Maduro como Presidente".

Também que as sanções impostas pelos EUA e a Europa "estão colocando o Governo contra a parede. Tudo isso deixa um ar rarefeito e o Governo, que tem o poder, utiliza as armas e as botas para reprimir a dissidência".

O indulto, "é uma jogada política para dar a ideia de liberdade, de democracia, de legitimidade" diz, precisando que não lhe impuseram "nenhuma condição".

Quanto ao futuro, promoverá o Movimento do Nacionalismo Dourado da Venezuela (MND) que defende "a saída de Maduro (do poder), um governo de reestruturação nacional para voltar a institucionalidade democrática, eleições e normalidade democrática".

"Vou dedicar-me muito ao Movimento Nacionalista, a formar pessoas, aprimorar a ideologia, aumentar as relações nacionais e internacionais e fazer do MND capaz de tirar o comunismo deste país", disse, sublinhando que é "nacionalista, mas não nacional-socialista".

"O MND é liberal na economia, conservador na política, avançada no social, ecologista, subsidiário, defensor dos direitos naturais, católico tradicional", disse.

Explicou ainda que "foi melhor ter permanecido na Venezuela que ter ido para Portugal", porque em Caracas está a sua infraestrutura logística.

Também que os companheiros próximos, com objetivo comum, estão em liberdade, mas que continuam presos outros nacionalistas.

Sobre a saúde precisou que "tem estado muito comprometida. Devido às torturas e maus tratos".

"Tive um cancro num olho do qual fui operado. Deu-me diabetes devido à má alimentação na cadeia. Sou hipertenso, cardiopata e sofro de ácido úrico. Quando dormia no chão um rato mordeu-me e quase perdi a perna".

Recentemente ficou sem olfato, paladar, teve febre e dificuldades para respirar, situação que atribui ao novo coronavírus, mas da qual diz já estar recuperado.

Vasco quer enviar uma mensagem ao Presidente dos EUA, Donald Trump que "o centro do problema da Venezuela é o exército cubano de ocupação. É um país que está dominado por uma ideologia contranatura estranha e estrangeira. Só com a ajuda do mundo, só com a ajuda dos EUA poderemos sair disto".

No entanto, explicou que "fala de ajuda, não de uma invasão" e pediu aos latinos e americanos nos EUA que votem por Donald Trump, "que não permitam que a desgraça do socialismo chegue a esse país".

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, indultou na segunda-feira 110 deputados opositores e presos políticos, entre eles politólogo luso-venezuelano Vasco da Costa, que se encontrava detido desde abril de 2018.

Filho de um antigo vice-cônsul de Portugal em Caracas, Vasco da Costa, de 61 anos, foi detido na sua casa em abril de 2018 por agentes do SEBIN (serviços secretos da Venezuela), acusado de promover a abstenção nas eleições presidenciais de maio de 2018.

Vasco da Costa já tinha estado detido entre julho de 2014 e outubro de 2017.

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