Juiz manda Brasil fazer nova versão de plano para proteção indígena

O juiz Luís Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro, determinou na sexta-feira que o Governo de Bolsonaro elabore uma nova versão de um plano para proteger as comunidades indígenas face à pandemia da covid-19.

50 mil índios brasileiros do Mato Grosso do Sul em risco

© Reuters

Lusa
22/08/2020 06:41 ‧ 22/08/2020 por Lusa

Mundo

Covid-19

A redação do plano em causa já tinha sido determinada pelo mesmo juiz no início de julho, numa ação movida pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), organização que coordena a luta dos povos originários pelos seus direitos, e por partidos da oposição.

Contudo, críticas feitas ao documento apresentado pelo Governo levaram o magistrado a pediu uma reformulação do plano.

Entre as avaliações negativas feitas pela APIB, Ministério público e por entidades de saúde e dos Direitos Humanos, está o facto de o documento ser "genérico e não delimitar elementos como objetivos, metas, cronograma (detalhado), responsáveis e recursos orçamentários", segundo o portal de notícias G1.

De acordo com as organizações, o plano não incorpora sugestões de funcionários que lidam diretamente com o problema, não especifica medidas de contenção e isolamento de invasores que estão dentro das terras indígenas, nem delimita a localização das "barreiras de proteção, equipas, materiais e prazo de implementação".

"O plano efetivamente estende-se longamente sobre ações passadas já realizadas, que não integram o seu objeto, dado que o propósito da medida determinada em cautelar é a implementação de ações futuras, que complementem as ações já realizadas ou em curso. É, ainda, genérico quanto às ações propostas", indicou o juiz na sua decisão.

Na quarta-feira, o Congresso brasileiro anulou o veto parcial do Presidente Jair Bolsonaro a um projeto de lei que determina medidas de proteção para comunidades indígenas durante a pandemia de covid-19.

A lei em causa, aprovada em 07 de julho, determina que os povos indígenas, as comunidades quilombolas (descendentes de negros que fugiram da escravidão) e demais povos tradicionais sejam considerados "grupos em situação de extrema vulnerabilidade" e, por isso, de alto risco em emergências de saúde pública, como a pandemia do novo coronavírus.

Contudo, o chefe de Estado acabou por vetar 22 pontos do projeto, que foram posteriormente derrubados pelo Congresso.

Entre os pontos vetados estava o acesso universal a água potável, a distribuição gratuita de materiais de higiene, limpeza e desinfeção de superfícies, a oferta de emergência de camas hospitalares e de unidades de cuidados intensivos, a aquisição de ventiladores e máquinas de oxigenação sanguínea, a distribuição de materiais informativos sobre a covid-19 e pontos de internet nas aldeias.

No Brasil, o novo coronavírusinfetou 26 mil indígenas e matou 690, segundo dados de quinta-feira da APIB.

Uma das principais preocupações das organizações é a vulnerabilidade dos povos indígenas face a doenças respiratórias, o que aumenta o risco de agravamento em caso de contágio pelo novo coronavírus.

O Brasil totaliza 113.358 óbitos e 3.532.330 casos confirmados de covid-19 desde o início da pandemia, registada oficialmente no país em 26 de fevereiro, sendo o segundo país mais atingido pela doença no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 793.847 mortos e infetou mais de 22,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

 

 

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